Cerca de centena e meia de artigos assinados por Paulo Júlio no TERRAS DE SICÓ ao longo da última década estão agora reunidos no livro “Para onde caminhamos?”, lançado no passado sábado (14) em Coimbra e com nova sessão de apresentação marcada para ontem (19), no Espinhal (Penela).
“Este livro mais não é do que uma tentativa de alerta cívico”, sintetizou o gestor, ex-secretário de Estado e antigo autarca na apresentação, perante uma vasta plateia que encheu a sala do Pavilhão Centro de Portugal e na qual marcou presença o antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, autor do prefácio.
Na referida apresentação, Pedro Gonçalves, director da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, afirmou que a obra “obriga-nos a recuperar as memórias de tempos que vivemos, memórias de acontecimentos e de pessoas, e sobretudo a uma reflexão sobre o país e o destino do país”, assinalando que os textos publicados datam de 3 de Outubro de 2014 [primeiro número do TERRAS DE SICÓ] a 10 de Janeiro de 2025.
“Para onde caminhamos?” está dividido em capítulos (Portugal – qual será o nosso problema?; Território, Políticas Locais e o Centralismo; e Cidadania e a coragem de mudar), com preâmbulos assinados por Pedro Gonçalves, Helena Teodósio e Lino Vinhal, director do TERRAS DE SICÓ, e ainda, a fechar, ‘2014-2024, Uma década para recordar’.
Para Pedro Gonçalves, “há neste livro um fio condutor de alguém que tem ideias claras do que o Estado deve fazer e sobre a relação entre o Estado, o mercado e a sociedade”.
“Este livro marca a evolução da nossa sociedade e comunidade ao longo destes quase 11 anos”, frisou o professor catedrático.
Por seu turno, Pedro Passos Coelho destacou o “sentido agudo de serviço público” de Paulo Júlio, elogiando a “pessoa muito competente” e deixando um “público agradecimento” pelo trabalho desenvolvido pelo autor enquanto secretário de Estado da Administração Local e Reforma Administrativa no governo por si liderado.
Aspirinas para doença crónica
Paulo Júlio, ao jeito de “alerta cívico” que percorre vários artigos do livro, sinalizou a continuada caminhada de Portugal “para a cauda da Europa”, 40 anos após a entrada na então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia.
“Somos mesmo nós, não somos só os governos, somos nós, enquanto sociedade, que não estamos a ser capazes de fazer pelo futuro dos mais jovens. Não vamos conseguir reter os nossos filhos, os nossos netos, os talentos em Portugal, se não crescermos, no mínimo, 4% ao ano. Temos uma doença crónica em Portugal e andamos a administrar umas aspirinas, como o IRS Jovem ou o bónus no IMI. Isso são aspirinas para uma doença crónica que temos e que nós, enquanto sociedade, não estamos a conseguir ultrapassar, a conseguir fazer diferente”, vincou o gestor.
Noutro âmbito, sobre o ordenamento territorial, o antigo autarca considera que, vários anos após os graves incêndios que fustigaram o Pinhal Interior em 2017, “está tudo igual”, e defendeu que o país precisa de um ministro do Território. Um governante munido de “estratégia e plano de acção”, com “verdadeira sensibilidade para perceber como é a vida nesses territórios”.
“Portugal pode ser muito melhor do que aquilo que é”, concluiu Paulo Júlio.
Com a chancela da Minerva Coimbra, o livro pode ser adquirido junto daquela editora (minervacoimbra@gmail.com).
Fundo europeus estragaram Portugal, afirma Passos Coelho
Para Pedro Passos Coelho, “é uma pena que os fundos europeus tenham estragado tanto Portugal nestes últimos anos”. Em Coimbra, ao intervir na apresentação do livro da autoria de Paulo Júlio, o antigo primeiro-ministro defendeu que as verbas comunitárias “deviam ter dado um contributo extraordinário para a transformação estrutural da nossa economia, mas o afã de as gastar e distribuir de qualquer maneira trouxe encargos e perversões demasiadas. E hoje parecemos uns pedintes Europa fora à procura de apoios”, criticou o ex-governante. “O país ainda anda a ver como gastar o Portugal 2030 e o PRR, porque parece que não há capacidade de absorção, parece que vamos deixar dinheiro para gastar, o que é visto como criminoso deixar de gastar dinheiro. É preferível continuar a gastá-lo e exigir impostos às pessoas para pagar os maus investimentos que foram feitos com dinheiro fácil”, censurou, alertando que “ainda ninguém se pôs a pensar seriamente de que é que vamos viver quando não tivermos a esmola europeia”.
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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