A FAFIPA 2024 e o festival gastronómico dedicado ao chícharo, também do ano passado, geraram um impacto económico superior a meio milhão de euros em Alvaiázere, de acordo com um estudo promovido pela Câmara, em parceria com a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) e o Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC).
Segundo o relatório, elaborado com base em dados como transacções de alimentação e bebidas dentro do recinto dos eventos, produtos dos expositores e diversão, e comércio local, foram movimentados mais de 570.000 euros, sendo 295.130 euros na FAFIPA e 275.755 euros no festival gastronómico.
O impacto económico directo das duas realizações permitiu um retorno de perto de 150% por cada 100 euros investidos pela autarquia na organização dos mesmos. No caso da FAFIPA, 143%, e no Festival do Chícharo, 147%.
“Quisemos de uma forma independente e científica que a nossa estratégia pudesse ser avaliada e ficámos com a prova de que a estratégia escolhida é a correcta, é a mais indicada para um território como o nosso”, afirmou o presidente da Câmara, João Paulo Guerreiro.
O estudo estratégico sobre o impacto económico e social dos eventos em Alvaiázere, apresentado no Dia do Concelho, incluiu ainda o Festival de Inverno FICA do ano passado e o Festival da Juventude deste ano, com percentagens de impacto menores (24% e 53%, respectivamente).
Os encargos com a logística do FICA, nomeadamente a tenda gigante que acolhe o evento, ainda impactam fortemente no retorno do evento, explicou Liliana Pimentel, professora auxiliar da FEUC e coordenadora do estudo, sublinhando contudo que os quatro eventos “são verdadeiros motores do desenvolvimento económico local”.
No total, os quatro eventos geraram no último ano um impacto económico superior a 700.000 euros.
A percentagem de despesa efectiva das realizações no orçamento municipal é de 2% na FAFIPA e no festival gastronómico, 4% no FICA e 1% no caso do Festival da Juventude.
Além da vertente económica, o relatório conclui por uma “forte retenção de público”, significativa capacidade de atracção de visitantes não residentes no concelho de Alvaiázere, com os inquiridos no estudo a evidenciarem uma intenção quase plena de regressar em novas edições e também de as aconselhar a amigos e conhecidos.
Destaque ainda para a alta percentagem (89%) de inquiridos que afirmam que o Festival da Juventude “contribui para uma imagem mais jovem, dinâmica e participativa do concelho”.
Investimento estratégico
Segundo a professora universitária, os referidos quatro eventos “representam um verdadeiro investimento estratégico no desenvolvimento local, com impacto económico e social, promovem o território, reforçam a coesão social e valorizam a identidade e a tradição”.
“Com uma reduzida percentagem do orçamento municipal, a Câmara potencia um impacto económico significativo no concelho”, sustenta Liliana Pimentel, sublinhando que a FAFIPA e o Festival do Chícharo são “eventos já consolidados, com impacto económico relevante para os agentes locais e participantes e um retorno positivo”, enquanto as outras duas realizações são mais recentes “ainda em processo de consolidação na região, mas com potencial de gerar retorno para a economia local”.
Para a coordenadora do estudo, o FICA destaca-se pela grande capacidade de atrair visitantes de maior amplitude geográfica, enquanto o Festival da Juventude se posiciona como “um meio de promoção de uma imagem jovem e dinâmica de Alvaiázere, num território de baixa densidade populacional”.
Os eventos encontram-se alinhados com o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável e três deles ostentam o selo de eco-eventos, “o que sugere a promoção da sustentabilidade ambiental”.
O presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere, João Paulo Guerreiro, aproveitou a sessão que celebrou mais um feriado municipal para enviar para Lisboa, através do novo secretário de Estado da Protecção Civil, Rui Rocha, três reivindicações, que não sendo novas tardam em ter resolução.
Com a época de incêndios a chegar, o autarca pede uma revisão da polémica legislação que estabelece o sistema de gestão integrada de fogos rurais no território continental e define as suas regras de funcionamento. “A sua execução em prática já provou ser uma grande confusão”, afirmou Guerreiro, defendendo que “assim não pode continuar porque não é exequível”.
Para o governo liderado por Luís Montenegro seguiu também a recorrente reivindicação de uma requalificação do Itinerário Complementar n.º 8 (IC 8), que não tem passado de mera intenção.
João Paulo Guerreiro pediu ainda um olhar atento para a necessidade de investimento nas redes de comunicação digital. “A internet é hoje a via de comunicação que mais falta faz, que mais pessoas pode trazer e fixar neste território e nós precisamos dela com qualidade e rápida”, afirmou, criticando as operadoras que tardam os investimentos nesta área à espera de financiamento público para a sua execução.
No “dia de celebrar Alvaiázere”, o presidente da Câmara fez o retrato de quatro anos de mandato do actual executivo social-democrata, passando em revista um vasto conjunto de obras concretizadas ou em curso, bem como as intervenções em áreas como a saúde ou a educação, alvo neste período de descentralização de competências por parte do poder central.
O autarca enfatizar a empreitada de requalificação a decorrer na Escola Básica e Secundária Dr. Manuel R. Ferreira, no valor de cerca de sete milhões de euros, o maior investimento público realizado no concelho, com financiamento assegurado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Qual é a infra-estrutura que falta no concelho de Alvaiázere”, perguntou, retoricamente, o edil, para concluir que “não faltam infra-estruturas, é preciso é requalificá-las, é preciso mantê-las, porque são boas, são de excelência”.
O novo secretário de Estado da Protecção Civil, o ansianense Rui Rocha, na sua primeira deslocação oficial, enalteceu o papel do poder local, sustentado que “ninguém negará a evidência da importância da acção das autarquias, dos governos locais, para hoje termos um país mais desenvolvido, mais equilibrado, garantindo excelentes níveis de qualidade de vida às suas populações”.
Em Alvaiázere, o governante deixou a garantia da “total disponibilidade do Governo para, naquilo que for possível e necessário, contribuir para a afirmação e sustentabilidade dos territórios de baixa densidade”.
Na cerimónia do Dia do Concelho, além da apresentação do estudo sobre o impacto económico e social de eventos locais foi ainda entregue ao Município de Alvaiázere a certificação de destino turístico sustentável e distinguidos os funcionários da autarquia com 25 anos de serviço público.
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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