Ainda lá estão. Onde? Na conversa. Claro!
A conversa centra-se ainda na comida. Duas mulheres à conversa só podia ser sobre comida. O dia continuava lindo e soalheiro. Não apetecia sair dali. O chapéu-de-sol fazia sombra. Uma sombra que nos chamava.
O fabuloso mundo da comida não tem fim. Só nos resta continuar a falar o que vamos absorvendo durante a vida.
Já não somos novas, mas aprendemos todos os dias e não se pense que se sabe tudo. Não sabemos!
Falamos de tudo. Desde as mais modernas até às velhas receitas tradicionais ou não.
Recordámos as nossas avós em que o frango era refeição muito especial. É que podia e pode, ainda, ser cozinhado de formas diferentes. Ia-se à capoeira e apanhávamos o frango depois de uma boa corrida porque o malandro não se deixa apanhar com facilidade. Ah, pois é! Tinha que correr para o apanhar. O frango oferece uma quantidade de pratos que nos permite apreciá-lo. Na memória de infância o cheiro do frango corado no forno de lenha. Como aquilo deixava um rasto de perfume que inundava a cozinha e que se estendia à casa toda. E o arroz tostado e as batatinhas estaladiças.
As nossas avós passavam horas na cozinha. Não trabalhavam fora de casa. Tinham tempo e mãos habilidosas que bordavam toalhas e faziam colchas magníficas assim como bons cozinhados.
Os homens começaram a entrar na cozinha. Foi com eles na cozinha e as mulheres com os empregos em empresas que se começaram a usar máquinas. A pouco e pouco, as máquinas invadiram as cozinhas substituindo muito do trabalho manual. Em tempos antigos os homens não entravam na cozinha. Tinham medo de perder a virilidade. Hoje não há medo porque as mulheres têm os mesmos empregos e também trabalham nas empresas, tal como eles. Mas voltamos ao frango que em tempos antigos era sinal de abastança. Hoje já não é assim, embora se possam fazer receitas bem caprichadas.
A minha amiga também gosta de frango e tem frangos na capoeira. Moramos na aldeia onde há minhocas. E como elas gostam de minhocas…
As conversas são como as cerejas. Umas agarradas às outras. Tanto falamos de frango como logo a seguir se fala da receita de um pudim ou uma boa canja.
Ela lembrou. Hoje usa-se mais as entradas para iniciar a refeição. Há as entradas que até já nem precisávamos de comer mais nada. Estas têm que se comer com parcimónia. Em Espanha chamamos-lhes de tapas. Tanto as entradas como as refeições em si conseguem, em muitos casos, juntar à mesa a família e amigos. As bebidas também têm que ser bem escolhidas e apropriadas cada ocasião.
As entradas são servidas em pratos pequenos e em pequenas quantidades. Podem ser frias ou quentes com mariscos, peixes, fumados ou marinados.
A minha amiga, tal como eu, gostamos de iniciar a refeição, à moda antiga: com um pratinho de sopa.
O meu pai dizia que a sopa é a tranca da barriga. E como ele tinha razão! A sopa tem lá tudo. A sopa sacia. O nosso corpo é como uma máquina e a alimentação e saúde, comida e bem-estar é a consciência do que somos e do que comemos.
Hoje come-se de forma diferente do que era nos séculos passados. A forma de confeccionar a comida também evoluiu. A geração que nos segue vai alimentar-se mais de ‘fast-food’. Falta tempo e vontade para aprender. Os quilos a mais e o colesterol que nos destrói e veio modificar a antiga burguesia que nem sabiam o que isso era. Morria-se muito mais novo que agora. Há pessoas com idades mais avançadas devido aos medicamentos e ao cuidado que se tem com a alimentação.
O dia ainda vai a meio e a tarde puxa à conversa.
Afinal, duas mulheres à conversa sobre comida, não se acaba nunca. Ainda há muito para se falar. Ela tem uma sobrinha vegetariana.
O que é ser vegetariana? Só comem folhas? Como estão enganados. Eu também pensava assim. Mas não é. Falarei de comida vegetariana para a próxima.
Até para a semana. Comam bem e sejam felizes. Nós vamos jantar, mas voltamos. Prometo!
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