A Fundação Maria Luísa Ruas viveu na passada segunda-feira (28) um momento de renovação com a tomada de posse do novo Conselho de Administração, presidido por Rafael Tralhão Gomes. A sessão solene, realizada nas instalações da instituição em Gesteira, foi marcada por discursos de esperança e realismo, sob a bênção do arcipreste José Cunha, em representação da Diocese de Coimbra.

“Estamos perante uma casa de excelência, mas que enfrenta hoje o maior dos seus desafios: a falta de mão-de-obra”, reconheceu ao TERRAS DE SICÓ Rafael Tralhão Gomes.

Num retrato honesto da realidade, o novo presidente sublinha a necessidade urgente de reforçar os recursos humanos: “há uma carência notória de trabalhadores, especializados ou não, mas disponíveis para estas respostas sociais tão exigentes”.

Numa instituição que acolhe crianças e idosos, “o nível de exigência é superior”, alerta enquanto destaca que “cuidar do próximo é uma missão que exige muito mais do que competência técnica: exige coração”.

A Fundação, que começou pela mão de Maria Luísa Salino Ruas a acolher crianças órfãs, foi evoluindo para dar resposta às necessidades contemporâneas, com valências que hoje incluem creche, ATL, apoio domiciliário e lar de idosos. O desafio agora, como frisou o padre José Cunha na cerimónia de posse, “não é apenas ter camas e comida, é dar vida, alegria e dignidade”.

Desta forma, Rafael Tralhão Gomes mostra-se determinado a reforçar a ligação da instituição à comunidade local. “A Fundação está na Gesteira e tem de ser da Gesteira. Queremos abrir as portas à comunidade, para que este espaço, que é de todos, seja vivido por todos”, declara, apontando para futuras iniciativas abertas à população.

O novo líder sublinhou o esforço dos anteriores dirigentes na construção das novas instalações, que classificou como “excelentes” e fruto de “muito esforço e sacrifício, muito orgulho e também muita obstinação”. Para o presidente, “este é um ponto de partida sólido” para continuar a missão de cuidado e proximidade à comunidade.

Apesar de ser um voluntário e de ter uma vida profissional activa, Rafael Tralhão Gomes garante que traz um espírito pragmático e uma visão clara: “primeiro, organizar a casa; depois, avançar com dinamismo, mas sempre com a serenidade de quem sabe que está a cuidar de um ‘carvalho’, forte e resistente, mas que deve crescer solidamente”.

O Conselho de Administração agora empossado integra ainda Rui Mota, Armindo Gonçalves, Isilda Oliveira e Maria Isabel Jorge, numa equipa que Rafael Gomes Tralhão classifica como “heterogénea e complementar”, com “gente que tem possibilidades, mas também tem coração”.

O futuro da Fundação Maria Luísa Ruas pode não ser simples, num contexto nacional onde a escassez de trabalhadores ameaça todo o sector social. Mas em Gesteira, como lembrou o novo presidente, “há vontade, há fé e há comunidade”.

ANA LAURA DUARTE

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]