18 de Maio de 2025 | Quinzenário Regional | Diário Online
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NATÉRCIA MARTINS

Azeite, o ouro líquido

2 de Maio 2025

Estamos em época de Páscoa. Fazemos folares que levam azeite a fim de ficarem mais macios. Os ovos como símbolo de renascimento. Os ovos são isso mesmo: renascimento, ou melhor, são vida.

O azeite é desde os primórdios da civilização um dos elementos que se utiliza em tudo, mesmo em tudo, o que imaginamos. Põe-se azeite na sopa, no arroz a fazer o refogado, na carne a assar a fim de ficar tenra e brilhante e com a crosta que todos gostamos e que transmite o sabor que lhe conhecemos. Mas há mais utilizações: no bacalhau com batatas e couves, bacalhau à lagareiro entre outras utilizações na culinária. Mas não só. A extracção do azeite perde-se na história da civilização e segundo li, já os visigodos teriam herdado dos romanos a cultura da oliveira, mas antes, muito antes já havia oliveiras na península Ibérica.

Por sua vez, os Árabes fizeram prosperar a cultura do olival sendo que a palavra azeite vem do vocábulo “A-ZAIT” que significa sumo das azeitonas. Da era terciária, foram encontradas, folhas fossilizadas datadas do Paleolítico e Neolítico.

O azeite líquido tornou-se indispensável na cozinha, lubrificante às alfaias agrícolas, combustível, medicamentos, unguentos ou bálsamo na perfumaria, e impermeabilização de tecidos.

Começou por ser utilizado como iluminação e ainda hoje se usa na igreja ou em candeias a iluminar os mortos e acompanha a oração para tirar o quebranto.

O azeite é o sumo das azeitonas e não de sementes. As oliveiras dão umas bagas a que chamamos azeitonas que são esmagadas saindo um líquido a que chamamos ouro da terra. O azeite sempre foi utilizado. As azeitonas eram esmagadas com uma espécie de tamancos com o rasto de madeira e eram utilizados os pés. Fica o caroço. Nos tempos dos meus pais, e não só, esses caroços moídos a que chamamos bagaço ou baganho davam-se aos porcos para engordar.

A oliveira é muito anterior a Jesus Cristo. Os meus avós tinham um lagar artesanal que fazia azeite. Esse, sim, era mesmo biológico e artesanal. A mula puxava o varal e esta fazia andar as mós dentro da vasa. Depois os homens com pás de lata transferiam para baldes. A massa ia, sempre de forma manual, para as ceiras onde eram caldadas com água a ferver e separavam assim a água do azeite. A prensa era apertada com a força bruta dos homens. Escorria para a fonte onde o lagareiro com uma varinha de marmeleiro sabia onde terminava a água-ruça e o azeite começava. Depois era medido para os cântaros de lata. Durava o ano todo.

A higiene seria bem pouca ou mesmo nenhuma, mas não havia outro método. Provava-se o azeite fazendo uma tiborna que não é mais que bacalhau, couves e batatas comidas no próprio lagar. Hoje caiu em desuso.

O azeite chegou a Portugal através do povo romano que o utilizava nas candeias para iluminação. Se visitarmos as ruínas de Conímbriga lá estão os lampadários e candeias.

O azeite é chamado ouro líquido por ser um dos elementos mais ricos. A sua extracção perde-se na história do tempo.

Este texto é apenas um pouco da história do azeite. Muito, mas mesmo muito há a escrever sobre o azeite. Hoje fico por aqui.


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