A campanha eleitoral e os debates que hão-de vir não podem deixar de falar do futuro de Portugal. Sabemos que a “arena” política tem cada vez menos espaço para se falar do que queremos ser e o que queremos fazer para os próximos 10 anos. Meia dúzia de prioridades estratégicas que possam ir além da espuma dos dias e dos próximos 24 meses. Crescimento económico acima de 3% – com que prioridades, com que velocidade na administração pública, com mais industrialização, com mais fusão entre empresas, quais os investimentos estratégicos de grande porte que ambicionamos, de que modo vamos valorizar sectores tradicionais? Como vamos “vencer” o envelhecimento da população, com que políticas amigas dos jovens, como vamos receber e integrar os emigrantes que querem vir para cá e, naturalmente, os que já cá estão?
Qual a estratégia para termos mais exigência e mais mérito nas escolas, portanto melhor educação, provando aos pais que uma escola boa é uma escola exigente e não aquela que está sempre a ser pressionada para facilitar? E o Estado? Queremos continuar com empresas que só servem para gastar dinheiro público e proteger corporações, ou queremos um Estado que cumpra as suas funções com competência? Para o Portugal fora das áreas metropolitanas, nomeadamente o do Interior Centro, o de Trás-os-Montes, o do Alentejo interior e do Algarve, quais são as políticas de equilíbrio territorial? É tudo isto que gostaríamos de ver discutido, com coragem.
Que Portugal queremos daqui a 10 anos, em que Europa e com qual estratégia geopolítica? Temo que o debate fique pela empresa do Primeiro-Ministro que deveria ter sido fechada para evitar ruído, mas que não tendo sido, não é ilegal. E falando de desenho político, queremos mais governos com fim à vista ou alguma estabilidade que nos permita olhar em frente? Tantas perguntas e outras tantas dúvidas que queremos que os líderes partidários saibam responder, mostrando as suas visões programáticas.
Não precisam de discutir nem as malas do deputado do Chega, nem a empresa do pai do Pedro Nuno, nem os serviços da empresa do Luís Montenegro. Isso já foi suficientemente falado no espaço público. Gastemos algum tempo sobre o futuro, sobre os nossos jovens, sobre a solidão dos idosos e de tantos outros problemas que deverão ser enfrentados em vez de serem “rodeados”.
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