28 de Abril de 2025 | Quinzenário Regional | Diário Online
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PAULO JÚLIO

O Trump e Nós!

4 de Abril 2025

Trump governa os Estados Unidos há menos de três meses, espalha instabilidade pelo mundo e alguns sorrisos amarelos pela Rússia que, por sua vez, tem como principal objectivo o desmembramento das instituições ocidentais, nomeadamente a União Europeia e a NATO. Trump governa pelo Twitter do seu “amigo” ocasional Musk que vai de boné para uma conferência de imprensa na sala oval onde, uns dias mais tarde, um jornalista perguntou a Zelensky se ele achava que ir de fato de exército não seria desadequado. Nessa conferência de imprensa, vimos uma espécie de “reality show” com Trump e o seu peão Vance a tentar negociar ao vivo, apoio na guerra da Ucrânia se o seu Presidente cedesse as terras valiosas do seu País.

Do lado das políticas económicas, Trump avança e “testa” tarifas de importação em várias frentes, desde o Canadá, México, União Europeia, passando pela China, enquanto negoceia terras por causa da guerra da Ucrânia, anuncia um ‘resort’ e desenvolvimento imobiliário para a faixa de Gaza, com o Presidente Israelita a aplaudir a sua “criatividade”.

A pergunta que todos fazemos é: como é que tudo isto é possível, como é que o mundo chegou aqui e quais serão as consequências? Sendo muito complexo chegar a respostas conclusivas, na minha opinião tudo isto foi acontecendo porque os governos ocidentais foram falhando em várias políticas sectoriais, marginalizando parte da sociedade, não apresentando soluções para problemas concretos, tudo “temperado” com muito “politicamente correcto” e muito “sistema” à mistura. Isto tudo foi afastando muitos cidadãos que se “informam” em redes sociais e no ‘youtube’ porque já não acreditam nos órgãos de comunicação social tradicionais.

Sobre consequências, julgo que ou temos uma estratégia para fazer e não para ser simplesmente anunciada, o que implicará que os governos deixem de “andar de helicóptero” e façam acontecer as acções para servir os objectivos a que se propõem, ou iremos ainda para pior.

Voltando ao Trump, se tudo isto servir para que a União Europeia reveja a sua arquitectura política, para que defina uma estratégia económica e social para os próximos 25 anos, percebendo realmente o problema dos seus cidadãos, não se perderá tudo, no médio-longo prazo. No curto-prazo, além da corrida à política de armamento por causa da guerra da Ucrânia, teremos incerteza nalguns sectores por causa das tarifas impostas que, realmente, não sei se terão muitas repercussões.

O maior ponto que tem de ser realmente discutido na União Europeia é o que queremos produzir e em que condições ou dito de outra forma qual é (realmente) a estratégia para a agricultura e para a indústria que são, afinal, o que permite gerar riqueza e criar valor. Essa é a transformação que teremos de fazer com valores de sustentabilidade incluídos. Porque se não criarmos recursos, as políticas sociais dos Estados tendem a degradar-se ainda mais.

Na outra ponta do horizonte, ainda há imensa discussão a fazer sobre os sistemas políticos e o modo como estão a proporcionar que cidadãos (quase) imbecis governem nações. Se Trump não nos provocar esta vontade de transformar, então, mais uma vez, se assobiará para o lado e, paradoxalmente, haverá mais “trumps” por esse mundo fora.


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