Conímbriga vai mesmo ficar fora da Lista Indicativa do Património Mundial de Portugal, que a Comissão Nacional da Unesco actualizará no próximo ano, ao não ter reformulado a candidatura e encontrado para ela “uma nova linha condutora”, como sugeriu a comissão. Falhada esta entrada, nova hipótese só em 2036, quando a referida lista voltar então a ser revista.
O TERRAS DE SICÓ já em Julho do ano passado noticiava os “sérios riscos” que a candidatura corria, depois de uma avaliação prévia realizada no âmbito daquela comissão ter encontrado significativas lacunas no projecto.
Com o processo a marcar passo, o presidente da Câmara de Condeixa, Nuno Moita, insiste que a “fragilidade” do processo se prende com o facto de Conímbriga ser tutelada por uma outra entidade pública [Museus e Monumentos de Portugal] que não o município, o que “provoca dúvidas sobre a sustentabilidade financeira do projecto”.
“Como é que vamos executar um plano de gestão de uma coisa que não é nossa (…), quando o ‘dono´ não está connosco na gestão?”, interrogou-se o autarca na última reunião da Assembleia Municipal, admitindo que “o principal problema da candidatura é a gestão de Conímbriga” e que tal impede que o projecto avance já, não sabendo “como obrigar a entidade a participar”.
No final do mês passado, em pleno Museu Nacional de Conímbriga, Alexandre Nobre Pais, presidente da Museus e Monumentos de Portugal, reconheceu ao TERRAS DE SICÓ pouco foco no projecto.
“Até ao momento estivemos mais à margem, porque estivemos muito mais focados na questão da aquisição e da ampliação do terreno arqueológico [em Conímbriga]. O processo da candidatura foi conduzido pela Câmara Municipal, [mas] no futuro iremos trabalhar em conjunto nesse processo”, afirmou.
A revisão da Lista Indicativa é feita com o intervalo temporal de uma década – depois de 2026, a seguinte será apenas lá para 2036 – e é a partir dela que depois a Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura decidirá quais os bens do património nacional que alcançarão o cobiçado estatuto de Património Mundial.
Há cerca de um ano, perante as dificuldades em fazer avançar o projecto, que sofre também de importantes falhas técnico-científicas no campo arqueológico, identificadas por aquela comissão, a Assembleia Municipal de Condeixa aprovou uma recomendação ao executivo socialista para que reforçasse os recursos técnicos especializados “afectos a esta demanda, por forma a aumentar o nível científico, qualidade e consistência da candidatura a Património Mundial da Unesco”. Porém, Nuno Moita admitiu, na última Assembleia Municipal, que não faz sentido avançar com esse reforço de recursos face às dificuldades que no seu entender estão a entravar o projecto.
Falhada a Lista de 2026, o presidente da Câmara, a poucos meses de deixar o cargo, sinaliza que o assunto “nunca mais deverá sair da agenda, porque só assim se conseguirá concretizar”.
Recorde-se que a proposta para avançar com o projecto partiu, em 2013, do arqueólogo Miguel Pessoa, presidente da Associação Ecomuseu e também deputado municipal pela CDU, sendo o principal rosto do Movimento para a Promoção da Candidatura de Conímbriga a Património Mundial da Unesco.
Noutro âmbito, como noticiámos na última edição, o concurso lançado pelo Município de Condeixa para a obra de alargamento do Museu Nacional de Conímbriga e cobertura de wi-fi, no valor de mais de cinco milhões e meio de euros, financiada pelo PRR, ficou “deserto”, sem concorrentes à empreitada, o que irá, no mínimo, protelar no tempo a concretização do projecto.
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM