O turismo continua a afirmar-se como um dos pilares da economia portuguesa, estimulando não só o crescimento económico, mas também a valorização dos territórios e das comunidades. Em Portugal, o turismo foi a origem de 19,1% da riqueza produzida em 2023, de acordo com o relatório do World Travel & Tourism Council, que aponta Portugal como o 5º país onde é mais forte a contribuição do turismo para o PIB. Dados divulgados na semana passada pelo Turismo de Portugal revelam que o sector do turismo registou uma evolução positiva, com aumentos de 4,0% nas dormidas, 5,2% nos hóspedes e 8,8% nas receitas turísticas, num reforço e consolidação da posição de Portugal como um destino competitivo a nível internacional.
E como se tem caracterizado a dinâmica turística na Região de Sicó? É esta a questão que o presente artigo pretende responder, atendendo aos dados mais recentes (2023) divulgados pelo site PORDATA.
No conjunto de 2023, os estabelecimentos de alojamento turístico portugueses receberam pouco mais de 30 milhões de hóspedes, responsáveis por 77,15 milhões de dormidas, números que correspondem a aumentos de 13% e 10,7%, respectivamente, em relação ao ano anterior. A Região de Sicó recebeu, em 2023, 82.631 turistas que ficaram hospedados 143.438 dormidas, números que representam taxas de crescimento de 14% e 15%, respectivamente, superiores à média nacional. Em 2023, Pombal foi o concelho que recebeu mais hóspedes (38.175), seguindo-se Penela (14.993), Condeixa (10.873), Soure (9. 598), Ansião (6.807) e Alvaiázere (2.185). Pombal recebeu o maior número de hóspedes, o que pode estar relacionado com a sua maior dimensão urbana e oferta de serviços. Penela e Condeixa destacaram-se, possivelmente, devido à presença de estabelecimentos hoteleiros de maior dimensão e consolidação no mercado, capazes de atrair e acomodar um maior volume de visitantes. Importa salientar que o número de hóspedes em Penela ao longo desse ano superou em quase 3 vezes a população residente deste concelho. Os turistas anuais que pernoitam nos estabelecimentos hoteleiros da região representam, à excepção do caso de Alvaiázere, mais de metade da população residente nos restantes concelhos.
A pandemia provocou uma quebra significativa nestes valores, mas a recuperação do número de hóspedes ocorreu logo em 2022 em quase todos os concelhos, com excepção de Condeixa e Soure, que só superaram os valores de 2019 em 2023. No que diz respeito às dormidas, apenas Condeixa demorou mais a recuperar, atingindo os níveis pré-pandemia apenas em 2023.
Em termos médios, 24% dos turistas hospedados na região são estrangeiros, com Alvaiázere a registar a maior proporção (56,9%), um valor que tem vindo a consolidar-se desde a recuperação da pandemia. Seguem-se Condeixa-a-Nova (33,1%) e Ansião (16,8%), enquanto Pombal (15,9%) e Penela (15,3%) apresentam percentagens semelhantes. Soure regista a menor presença de turistas estrangeiros, (5,7%) o que poderá estar relacionado com a ausência do Caminho de Santiago, uma rota histórica que atravessa todos os outros concelhos e atrai peregrinos de várias nacionalidades, contribuindo para o aumento da procura internacional nos alojamentos turísticos.
Os hóspedes permanecem, em média, 1,9 noites nos alojamentos hoteleiros da região, sendo Soure (2,7 noites) e Alvaiázere (2,1 noites) os concelhos onde a estadia média é mais longa. Seguem-se Penela (1,8 noites), Pombal e Ansião (1,6 noites) e Condeixa-a-Nova (1,4 noites). Face a 2019, os valores mantêm-se relativamente estáveis, exceto em Soure e Alvaiázere, onde o número médio de noites aumentou em 1 e 0,5 noites, respectivamente. Mais noites de estadia podem indicar um maior interesse pelo concelho e traduzem-se em maior despesa em alojamento, o que, por sua vez, pode beneficiar a restauração e o comércio local, impulsionando a economia local. As dinâmicas turísticas de estadia são distintas entre os concelhos de Sicó. Em Condeixa-a-Nova, Penela, Soure e Pombal, são os turistas estrangeiros que apresentam estadias mais longas, atingindo cerca de 3 noites em Soure e duas noites nos restantes concelhos. Em Alvaiázere e Ansião, são os turistas nacionais que permanecem mais tempo, com uma média de duas noites, revelando um padrão de permanência diferente nestes territórios.
Liliana Marques Pimentel – Professora universitária na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Anobra (Condeixa)
Ricardo de Carvalho Joaquim – Assistente Convidado na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Alvaiázere.
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