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Pombal: Gang dos Sorrisos, o ‘grupinho’ que rouba corações e espalha felicidade

9 de Fevereiro 2025

Não têm armas, nem rostos tapados, mas têm um objectivo muito claro: levar sorrisos e mudar vidas. O ‘Gang dos Sorrisos’ é um grupo de amigos que decidiu fazer da solidariedade um estilo de vida, e apoia crianças e jovens com necessidades especiais e as suas famílias. Ao que parece, tudo começou de forma despretensiosa, com pequenas acções, mas já conseguiram feitos impressionantes, como ajudar a angariar 43.000 euros para a compra de uma carrinha adaptada e, mais recentemente, 4.000 euros divididos por quatro meninos para tratamentos fundamentais.

A origem

Paula Monteiro, mentora do projecto, recorda como tudo começou. Durante a pandemia, integrou o programa “Histórias de um Sim”, dinamizado pelo Padre João Paulo Vaz, onde tinha a missão de identificar famílias necessitadas. Quando o programa terminou, Paula sentiu que “não podia simplesmente desligar-me das histórias que conheci”. Foi então que começou a usar as redes sociais para divulgar pedidos de ajuda.

O primeiro beneficiado foi José Eduardo, um jovem de Castanheira de Pera que havia sido diagnosticado com uma doença rara. O impacto foi imediato: rifas, caminhadas solidárias, eventos, e com muita sensibilização junto das pessoas, conseguiram angariar uma quantia suficiente para que a família adquirisse uma carrinha adaptada. “Foi uma jornada de quase dois anos, mas conseguimos!”, conta Paula, com o brilho de quem sabe que mudou uma vida. E a ideia de um grupo solidário tomou forma.

O nome? Um acaso divertido. Paula Monteiro criou um grupo de ‘WhatsApp’ para coordenar os voluntários e referia-se a eles como “o gang”. Quando perceberam que, no meio da correria da vida, organizavam eventos solidários de forma espontânea e eficaz, o nome ficou: ‘Gang dos Sorrisos’.

‘Gang’ sem armas, mas com coração

Actualmente, o grupo conta com cerca de 20 elementos activos e muitas outras pessoas que ajudam de forma pontual. “Cada um dá o que pode e o que consegue. Nada é obrigatório, mas todos dão de coração”, explica Paula. E essa força colectiva tem feito maravilhas. Em Dezembro, decidiram organizar uma venda solidária de bolos – algo pequeno, pensaram. Mas a adesão foi tamanha que acabaram a vender doces durante dois meses seguidos! O resultado? 4.000 euros que foram distribuídos por quatro meninos, permitindo-lhes aceder a tratamentos essenciais, como o “pagamento de 40 sessões de fisioterapia para José Eduardo, 25 sessões de fisioterapia para Diogo, o pagamento de 13 sessões de fisioterapia e 14 de terapia ocupacional, para Tomé Laranjo e foi ainda assegurada a prestação de cuidados diários no valor de 1.000 euros para o Pedrito”, felicita.

Os resultados emocionam, mas Paula Monteiro e os seus companheiros recusam-se a ver isto como um ponto de chegada. “A ajuda não pode esperar por burocracias. Se alguém precisa e nós podemos fazer algo, então fazemos. Às vezes, até um euro faz a diferença”, sublinha.

Como fazem a diferença? Apesar de não serem uma associação formalizada, têm um esquema muito prático e transparente. Todo o dinheiro arrecadado é entregue directamente às clínicas que acompanham os meninos ou convertido em vales que as famílias podem descontar nos tratamentos. “Não há contas bancárias envolvidas nem demoras burocráticas. Quando conseguimos, entregamos de imediato”.

Capacidade mobilizadora

O ‘Gang dos Sorrisos’ não tem uma sede, nem grandes infra-estruturas. Mas tem algo ainda mais poderoso: a capacidade de mobilizar pessoas. Exemplo disso “foi uma senhora anónima que, mesmo com dificuldades financeiras, decidiu doar doces de abóbora e rendas artesanais para serem vendidos nas feiras solidárias”. Esses doces “podem ter pago um mês de terapia a uma criança. É isto que nos move!”, reflecte.

Os eventos não param. Para Fevereiro já está planeada uma iniciativa: A 22 de Fevereiro, realiza-se um baile solidário com festival de sopas, em parceria com a Associação do Casalinho. Está ainda prevista a realização da “nossa caminhada anual, que organizamos em parceria com a Associação do Pinheirinho”, com data a divulgar oportunamente.

Continuar, sempre.

Sobre o futuro, a responsável é clara: “Continuar, sempre. E se aparecer mais alguma família a precisar, faremos o que estiver ao nosso alcance”. Quanto a formalizar-se como uma associação? “Não sentimos essa necessidade. As coisas correm bem assim, não vamos mexer no que funciona. Somos apenas um grupo de amigos que ajuda onde pode. E essa é a nossa força”.

Mais do que os valores angariados, o que move o ‘Gang dos Sorrisos’ é a felicidade das crianças que ajudam. “O Diogo, por exemplo, já consegue andar sozinho. Sentimos que, de alguma forma, também somos parte dessa conquista”, conta Paula Monteiro, emocionada.

E assim segue o gang: sem balaclavas, mas com corações enormes. O sorriso das crianças é o maior tesouro. E enquanto houver quem precise, eles estarão lá, prontos para “assaltar” o coração de quem quiser ajudar. Afinal, nunca foi tão bom fazer parte de um gang.

ANA LAURA DUARTE

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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