17 de Março de 2025 | Quinzenário Regional | Diário Online
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LILIANA M. PIMENTEL/RICARDO C. JOAQUIM

Habitação em Sicó: mais casas, preços em alta e desafios no horizonte

7 de Fevereiro 2025

Os preços reais da habitação descolaram-se do crescimento do rendimento per capita desde 2016 (Rodrigues et al., 2022). A preocupação com o preço das casas (seja para arrendar ou comprar) está a atingir níveis recorde nos países mais ricos, superando outras, como a saúde ou a educação. Um estudo recente da Gallup Analyics, baseado em respostas de mais de 37.000 pessoas nos 37 países que compõem os países ricos da OCDE, revela que mais de metade dos inquiridos está insatisfeita com o acesso à habitação. Em Portugal, o número sobe para 80%.

Atendendo aos dados de Dezembro de 2024 disponíveis no site Idealista, constata-se que Pombal foi o concelho da região onde foi mais caro comprar casa: 1.239 €/m2. Condeixa (1.037 €/m2) Soure (756 euros/m2) e Ansião (754 euros/m2) ocupam o segundo, terceiro e quarto lugares, respectivamente. Penela (730 €/m2) e Alvaiázere (647 €/m2) apresentam-se como os concelhos mais económicos para adquirir habitação. Comprar casa em Sicó, em Dezembro de 2024, foi em média 6% mais caro do que no ano anterior. Em Ansião e Penela o acréscimo foi de 19%, já em Pombal o crescimento foi de 9%. O preço da habitação em Condeixa enfrenta uma desvalorização (-15%) em relação a Dezembro de 2023, atingindo o valor mais baixo desde Setembro de 2022, após um período de crescimento significativo. A estabilidade dos preços de aquisição de habitação em Alvaiázere (+1%) e Soure (+3%) pode indicar mercados mais conservadores, com menor flutuação de preços.

Outro dado curioso de realçar é o valor mediano de avaliação bancária por m2 das casas de Sicó. Em 2023, Condeixa apresentou a avaliação mais elevada, com 982€/m², reflectindo um aumento de 43% face a 2018. Pombal surge em segundo lugar, com 926€/m², apenas 56€ abaixo de Condeixa. Seguem-se Penela (825€/m2), Soure (750€/m2) e Ansião (705€/m2).

Já Alvaiázere registou a avaliação mais baixa da região, com 579€/m². No geral, o valor mediano da avaliação bancária das habitações em Sicó aumentou, em média, 26% nos últimos cinco anos, reflectindo a valorização do mercado imobiliário na região. A análise dos dados revela que Penela é o único concelho onde os preços de venda das habitações em Dezembro de 2024 ficaram abaixo (-12%) da avaliação bancária de 2023. As maiores discrepâncias registaram-se em Pombal (+34%) e Alvaiázere (+12%), indicando uma tendência de valorização moderada impulsionada pelo mercado. Já em Ansião (+7%), Condeixa (+6%) e Soure (+1%), a diferença entre o preço de venda e a avaliação bancária foi menos expressiva, sugerindo que o mercado nestes concelhos é menos impulsionado por valorização especulativa e mais alinhado com as avaliações feitas pelos bancos.

Importa referir que de acordo com informação divulgada no site do Parlamento Europeu, se os custos de habitação forem superiores a 40% do rendimento disponível, é sinal de que as famílias enfrentam problemas com a habitação.

Em 2023 construíram -se em Sicó cerca de 263 novas casas (moradias e apartamentos), mais 152 unidades do que se contruía em 2018. Pombal e Condeixa destacam-se como os concelhos com maior volume de construção habitacional, contabilizando 163 e 58 novas habitações, respectivamente. Estes números traduzem um acréscimo de 176% em Pombal e 167% em Condeixa em comparação com a construção de novas casas há cinco anos. Nos restantes concelhos, a actividade construtiva foi mais modesta: Ansião registou 16 novas habitações, Alvaiázere 11, Soure 10 e Penela apenas 5.  Alvaiázere foi o concelho da região com o maior crescimento na construção de novas habitações, aumentando 267% em cinco anos. Por outro lado, Penela, Ansião e Soure registaram variações mais estáveis, com crescimentos de 25%, 23% e 11%, respectivamente, em relação a 2018.

Em 2025, os desafios estruturais do mercado habitacional em Portugal e na região continuarão a exigir soluções eficazes. O governo tem avançado com medidas legislativas, como incentivos à construção, regulação do arrendamento e habitação acessível, com enfoque para as medidas dirigidas aos jovens. As autarquias também desempenham um papel fundamental nesta matéria, onde a disponibilização de lotes a preços acessíveis para os jovens é um exemplo de como a acção local pode facilitar o acesso à habitação e promover a fixação da população. O futuro da região dependerá da articulação entre estratégias nacionais e iniciativas autárquicas que respondam às necessidades específicas de cada território.

Liliana Marques Pimentel – Professora universitária na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Anobra (Condeixa)

Ricardo de Carvalho Joaquim – Assistente Convidado na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Alvaiázere.


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