Felizmente, vivemos em uma época em que finalmente o poder local parece ter acordado para a realidade de ser ele próprio um agente activo na procura de investimentos que aportem emprego e produção de riqueza para os seus territórios, actualmente todos concordam sobre a importância do tecido empresarial no desenvolvimento dos territórios, contudo ainda há muito para pensar e definir sobre a forma como as autarquias podem e devem relacionar-se hoje com as empresas, mobilizando-as para uma estratégia de desenvolvimento territorial e social integrado.

Para reflectirmos melhor sobre esses desafios, este pequeno artigo apresenta um pequeno ranking das 20 maiores empresas da Região de Sicó, atendendo ao volume de negócios atingido em 2023. Para tal, tem-se em conta a informação já divulgada pelo Jornal Terras de Sicó em edições anteriores e pelo Diário de Coimbra sobre as “1.500 maiores empresas do distrito de Coimbra 2023”.

Os dados (na tabela abaixo) revelam que as 20 maiores empresas da Região de Sicó fecharam o ano 2023 com um volume de negócios de 765 milhões de euros, que representa um acréscimo de 12,88% face ao ano anterior. Importa referir que as 20 maiores empresas de Sicó apresentam uma idade média de 36 anos. Estas empresas possuem em média 115 funcionários, valor ultrapassado em dobro na IBER-OLEFF – COMPONENTES TÉCNICOS EM PLÁSTICO, S.A., e TRANSPORTES CENTRAL POMBALENSE, LDA. A totalidade das empresas apresentam lucros, ou seja, resultados líquidos positivos. Não obstante, a rentabilidade das vendas e serviços prestados varia de 0,31% até 26,91%, registando-se diferenças significativas na eficiência e lucratividade das maiores empresas da Região. Observa-se que as 20 maiores empresas são essencialmente da área alimentar (40%), desde a produção ao comércio a retalho em supermercados.

A DDO – DERIVADOS DE OVOS, LDA, com sede em Pombal, foi a empresa da Região com o maior volume de negócios no ano 2023, tendo quase duplicado o mesmo face a 2022. Segue-se a PROME RETAIL, SA sediada em Condeixa, e a Frijobel – Indústria e Comércio Alimentar, sediada em Penela. Importa mencionar que Pombal é o concelho mais representado neste ranking (50% das empresas), com um volume de negócios total de 387 milhões de euros, o que demonstra o determinante contributo do tecido empresarial deste concelho para a dinâmica regional. Segue-se Condeixa com 3 empresas entre as maiores de Sicó que perfazem um volume de negócios total de 185 milhões de euros (Prome Retail, SA; Medinfar Manufacturing, SA; Incarpo – Indústria e Comércio de Carnes, SA). Penela, Soure e Ansião possuem duas empresas neste ranking, com um volume de negócios de 98 milhões de euros, 60 milhões e 46 milhões de euros, respectivamente. De entre as 20 maiores empresas de Sicó, apenas uma empresa situa-se no concelho de Alvaiázere, possuindo um volume de negócios que supera os 38 milhões de euros.

Que ninguém questione a importância do tecido empresarial, enquanto actor principal no processo de desenvolvimento de um território, o que se constata desde logo pela relação directa entre a evolução da população e o crescimento do número e dimensão das empresas que escolheram este município para aí desenvolverem a sua actividade durante o mesmo período.

Mas se a qualidade e dimensão das infra-estruturas disponibilizadas pelo território são importantes para receber e fixar investimentos empresariais, a verdade é que não são por si só suficientes, face à competição que se assiste diariamente no terreno pela captação de investimentos que produzam riqueza e postos de trabalho. Note-se que a competição entre territórios não se faz hoje apenas a nível local ou nacional. E no plano internacional, já não se faz apenas ao nível dos países ou das regiões, mas também a nível das cidades e dos municípios. Este será de certeza um assunto muito interessante para debater nos próximos meses atendendo à proximidade das eleições autárquicas.

Liliana Marques Pimentel – Professora universitária na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Anobra (Condeixa)

Ricardo de Carvalho Joaquim – Assistente Convidado na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Alvaiázere.