É já amanhã (25) que arranca mais uma edição da centenária feira onde o pinhão é a grande vedeta. O evento volta a aliar a tradição com a modernidade, e espera atrair milhares de visitantes locais e de fora. Este ano, o certame traz novidades no programa, que aposta mais em animação cultural e no reforço das parcerias com associações locais e florestais para o desenvolvimento sustentável da região.
De acordo com António José Domingues, presidente da Câmara Municipal de Ansião, uma das grandes novidades é a transmissão televisiva do programa ‘Domingão’, da SIC, substituindo o anterior formato “Somos Portugal” da TVI. A aposta na transmissão “acaba por proporcionar maior visibilidade à feira fora do concelho, especialmente para emigrantes e comunidades da diáspora”, uma vez que esta “projecção para o exterior é muito importante, para que todos, principalmente os que estão longe, sintam a ligação com a sua terra”, destaca o autarca.
A programação cultural reforçada inclui animação de rua, espectáculos infantis e até um encontro de ranchos folclóricos infantis, com a participação de vários ranchos da região e a presença especial do Grupo Folclórico de Faro, que trazem até Ansião o melhor da tradição portuguesa. A Feira dos Pinhões inclui, este ano, uma recriação histórica de momentos alusivos a épocas antigas, e para fechar a tarde de amanhã, o concerto com Emanuel na Praça do Município, prometem animar os visitantes.
No domingo (26), as festividades continuam com animação de rua a partir das 10h00, e ao meio-dia, é hora de explorar os sabores únicos da região com o showcooking “Pinhões à Mesa”, onde a Chef Margarida Marques e os alunos da Escola Profissional de Ansião apresentam deliciosas receitas de pinhão, acompanhadas de uma harmonização de vinhos conduzida pelo sommelier Paulo Vale.
A feira conta com 60 expositores de produtos endógenos e artesanato, além de 12 pinhoeiros que trazem o “ouro comestível” à região – o pinhão. Associações locais também vão estar representadas no espaço, de forma a “divulgar o seu trabalho”, totalizando cinco organizações participantes.
“De forma a celebrar esta feira centenária e deixar uma mensagem de compromisso com o futuro”, a autarquia liderada por António José Domingues vai distribuir cerca de uma centena de pinheiros mansos aos expositores e entidades convidadas, num “gesto simbólico” que “promove a preservação ambiental e marca do evento”.
Ansião espera, assim, não só acolher milhares de visitantes, mas também reforçar a ligação entre o passado e o futuro, com o pinhão e o medronheiro como protagonistas de uma visão sustentável e inovadora.
Incentivos à produção
E como a Feira dos Pinhões não se limita à celebração cultural, também se afirma como plataforma para incentivar práticas agrícolas sustentáveis. Desde 2017, o protocolo entre o município e a Associação Florestal de Ansião tem apoiado a plantação de pinheiro manso na região. “Até à data, já foram cedidas 10.986 plantas, correspondendo a 32 hectares de novas plantações”, congratula o autarca enquanto explica que “considerando que o pinheiro manso não é das árvores que tem maior rentabilidade económica, uma vez que o seu crescimento e início de produção demora muito tempo, notamos que há uma sensibilidade maior”.
“Entendemos que era necessário reforçar este apoio aos produtores, não apenas cedendo as plantas, mas também com incentivos financeiros para as intervenções no terreno, como a poda, essencial para aumentar a produção do pinhão”, revela.
Em paralelo, o município também incentiva a plantação de medronheiro. Desde 2018, o protocolo resultou na plantação de sete hectares desta espécie autóctone, resistente a incêndios e de grande potencial económico. “O medronheiro é mais do que a base da aguardente, pode ser explorado em muitos outros produtos, e queremos incentivar essa visão entre os produtores, até porque estamos a falar de uma árvore bastante resiliente”, considera o autarca, com o objectivo de “começarmos passo a passo a construirmos um território mais equilibrado no sentido ambiental e de sustentabilidade porque queremos combater também os desequilíbrios que hoje se vão passando nestes territórios de baixa densidade”, reforça.
ANA LAURA DUARTE
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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