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Alvaiázere: Dinossauros colocam região no mapa ‘global’ da paleontologia

22 de Novembro 2024

É já este amanhã (23) que o auditório da Casa Municipal da Cultura de Alvaiázere recebe a conferência “No tempo dos dinossauros mais antigos da Península Ibérica: Alvaiázere há 190 milhões”. Este evento, promovido pela Al-Baiäz – Associação de Defesa do Património e pela autarquia local, conta com a presença do paleontólogo e professor Silvério Figueiredo, que lidera a equipa responsável pelas recentes descobertas paleontológicas na região.

Ao TERRAS DE SIÓ, Silvério Figueiredo destaca que, “além do valor científico, estas descobertas possuem grande potencial turístico e educativo para a região”, sendo a “valorização deste património paleontológico uma acção muito importante”, podendo passar “por iniciativas como a criação de trilhos interpretativos, painéis informativos e até a construção de uma reconstituição do dinossauro Moyenisauropus lusitanicus, no local onde foi encontrado”, enfatiza, enquanto explica a “importância do apoios das autarquias para a implementação de projectos que promovam este património junto da comunidade”.

No caso da autarquia alvaiazerense, “sentimos que existe interesse, prova disso é por si só a cedência do espaço para a realização deste debate”, e mostra-se “totalmente disponível para colaborar com as entidades locais no sentido de estudar as melhores formas de valorização destes achados”, que devem ser fruídos “não só pela comunidade científica, como da população em geral”.

Assim, “embora a Câmara Municipal de Alvaiázere ainda não tenha apoiado directamente os estudos, tem demonstrado interesse em colaborar na valorização do espaço, nomeadamente através de futuras parcerias”, e esse já é um “caminho muito positivo”, afirma.

“As pegadas de dinossauros descobertas em Alvaiázere destacam-se por serem as mais antigas da Península Ibérica”. Segundo o especialista, “este período da história paleontológica é pouco documentado, mesmo em termos internacionais”. Assim, “estas descobertas colocam Alvaiázere num contexto científico global muito interessante, e que pode ajudar a entender a fauna e o ambiente que existiam há 190 milhões de anos”.

A colaboração entre diferentes entidades científicas “tem sido essencial para o avanço das pesquisas”. Além disso, a parceria com o Centro Português de Geo-História e Pré-História e outras associações locais “tem garantido o suporte necessário para o desenvolvimento destes estudos”.

Ainda neste seguimento, o especialista revela que “podem vir a ser revelados novos achados arqueológicos”. Entre as novas descobertas, “destacam-se possíveis pegadas de dinossauros numa pedreira em Alvaiázere e o achado de um fóssil de peixe por uma residente local”.

Estes vestígios, datados do Jurássico, “reforçam o potencial paleontológico da região, podendo constituir importantes contributos para o conhecimento científico e histórico da Península Ibérica”. Apesar de ainda ser necessário “verificar a autenticidade das pegadas e estudar o fóssil encontrado”, o investigador considera estas descobertas promissoras para futuros estudos.

Há muito por descobrir

Também no vizinho concelho de Ansião, “há muito para descobrir”. Por ali, foram identificadas outras pegadas de dinossauros, “algumas já apresentadas em recentes congressos científicos”. “Estes achados complementam o quadro de um território rico em vestígios do Jurássico, e colocam a região de Sicó no mapa internacional da paleontologia”, reforça. Sem querer levantar a ponta do véu, Silvério Figueiredo garante que “existem outros achados de elevado interesse geológico em Sicó”, que aguardam apoios para ver a luz do dia.

Desta forma, o evento de amanhã “será uma oportunidade para a comunidade conhecer em detalhe as descobertas e compreender a sua importância”, reforça o investigador, que irá apresentar não apenas os achados mais recentes, mas também um panorama sobre como era o território de Alvaiázere durante o Jurássico. A ilustração científica, que desempenha um papel fundamental na divulgação, será também abordada, com destaque para os trabalhos de reconstrução do ambiente e das espécies por parte da equipa de investigação.

A iniciativa, “além de promover o conhecimento, reforça o compromisso de trazer a ciência para mais perto da sociedade”. Silvério Figueiredo frisa que “a ciência não deve estar confinada à academia, e que precisa de ser partilhada com a comunidade”. Este evento marca, assim, “um primeiro passo para tornar o rico património paleontológico da região acessível e valorizado por todos”, remata.

Recorde-se que os estudos permitiram identificar uma nova espécie de pegadas de dinossauro, denominada ‘Moyenisauropus lusitanicus’, e possibilitou “ampliar conhecimento acerca da diversidade de dinossauros e outros vertebrados conhecida no registo fóssil do Jurássico Inferior europeu e mundial”. A investigação atribui à ocorrência de Alvaiázere cerca de 195 milhões de anos, o que torna este registo a mais antiga ocorrência de dinossauros da Península Ibérica.

ANA LAURA DUARTE

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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