11 de Novembro de 2024 | Quinzenário Regional | Diário Online
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PAULO JÚLIO

Políticas de Juventude (?) Ainda há imenso para fazer e para pensar

18 de Outubro 2024

As políticas destinadas aos jovens, à fixação de talento, à criação de emprego qualificado, ao direito à habitação, à cultura, ao entretenimento, devem ter base nacional, num País como Portugal e, depois, naturalmente, consolidação e detalhe na base local e regional.

Indo por partes. Fixar-se-ão jovens se houver emprego qualificado, sabendo que qualificado inclui, também, o acesso a profissões técnicas que são das mais valorizadas em qualquer indústria. Hoje, um bom técnico de manutenção, um bom técnico de electricidade ou de sistemas electromecânicos, deve ser ocupado, na base de carreira, por um engenheiro que esteja disposto a ter uma ocupação profissional mais prática, à semelhança do que existe em países como a Alemanha, Holanda ou Inglaterra, só para mencionar alguns dos países cujo PIB per capita está bem acima do português. A criação de emprego qualificado tem de ser realizada pela atracção de mais empresas e pelo suporte que se pode dar às empresas âncora em cada território. Num território de pequena dimensão, como são a maioria dos concelhos do Pinhal Interior, isto deverá ser tratado por cada comunidade, mas também pelo nível intermunicipal, cruzando informação, criando redes de oferta de trabalho qualificado, de uma forma transparente.

Mas reter talento também implica criar redes colaborativas com os jovens, com incubadoras de empresas, com os gabinetes de apoio ao investidor que se deveriam transformar (estamos em 2024!) em gabinetes de apoio à fixação de talento, mudando a sua forma de trabalhar, tornando-se o eixo da matriz das políticas. Já agora, sobre nomes de pelouros municipais, tudo deveria ser reequacionado considerando as novas necessidades e as novas funções do território.  A habitação é outra dimensão complementar. A habitação a custos controlados, aquela que o Governo está a estimular através do PRR, mas também a habitação que é proveniente do mercado privado, que obviamente se posiciona num nível de qualidade mais alto e que é a solução para muitos jovens casais. Mas para que esta dimensão da habitação se desenvolva, é preciso estimular os privados a reabilitar imóveis nos centros das vilas e aldeias e proporcionar áreas urbanas de desenvolvimento de nova habitação.

Essa capacidade de ordenamento de território é crítica, sobretudo nos concelhos pequenos, com racionalidade por causa das novas infra-estruturas, mas com visão de futuro. As cidades e os seus ecossistemas precisam cada vez mais dos territórios limítrofes para completarem as suas funções, assim como o seu recíproco, uma vez que a polarização das cidades pode ajudar ao desenvolvimento do território, fixando jovens.

Se falarmos de cultura e desporto, as comunidades de base local devem promover o associativismo, desde logo, mas também serem actores principais de eventos culturais diferenciadores, desde o teatro ao cinema, assumindo que, nessa dimensão, é a parte pública que tem de cumprir esse papel nos pequenos concelhos por manifesta falta de massa crítica. Mas por outro lado, a capacidade de programação cultural conjunta de cariz intermunicipal deve ser desenvolvida para que a oferta seja maior, aproveitando, assim, os vários espaços existentes e aumentando a sua dinâmica de ocupação.

É este integral de políticas que poderá permitir que uma região seja mais atractiva e que os pequenos concelhos cumpram o seu papel complementar de desenvolvimento, mantendo sempre a sua identidade e a sua diferenciação. Para que tudo faça sentido é preciso ligar o território. A mobilidade está em transformação no sentido da protecção ambiental e do aumento da comodidade dos cidadãos.

Em conclusão, quando se fala de fixar talentos em territórios de baixa densidade, para além da identidade, é preciso pensar de forma transversal as políticas de vários pelouros, assim como pensar estrategicamente o território de cada sub-região, considerando as cidades que o polarizam como referência, mas também como actores essenciais para o equilíbrio territorial no nível intermunicipal. Ainda há imenso para fazer e para pensar.


  • Director: Lino Vinhal
  • Director-Adjunto: Luís Carlos Melo

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