Ana Rita Gomes, “pombalense de gema”, apresenta-se como a primeira mulher a comandar os destinos do Sporting Clube de Pombal. Está ligada ao clube desde a infância, o que acabou por cultivar uma paixão que a motivou a assumir um papel activo na sua liderança. Foi eleita no passado dia 4, encabeçando a única lista que se apresentou a sufrágio.
Em entrevista ao TERRAS DE SICÓ, a dirigente assume que o clube enfrenta desafios como a instabilidade na formação e a angariação de recursos financeiros, mas acredita que, com trabalho árduo, pode impulsionar o Sporting Clube de Pombal para um futuro promissor. Entre as metas que estabeleceu para este mandato, destacam-se o desenvolvimento do futebol feminino e a introdução de novas modalidades.
TERRAS DE SICÓ (TS) – O que a motivou a candidatar-se à liderança do Sporting Clube de Pombal?
ANA RITA GOMES (ARG) – Sou pombalense de gema, nascida e criada em Pombal. Desde pequena, sempre estive envolvida com o Sporting Clube de Pombal. O meu pai levava-me aos jogos da equipa sénior aos domingos, e essa paixão pelo clube sempre fez parte da minha vida. Mesmo nas dificuldades, como quando estávamos na 2.ª Divisão B, nunca deixei de apoiar a equipa. A motivação para me candidatar surgiu de uma preocupação profunda com a situação do clube, que se encontrava num momento crítico, marcado por desavenças internas e falta de direcção. Acredito que, para mudar a situação, era necessário um novo impulso, uma nova liderança.
TS – Como foi a recepção à sua candidatura por parte dos sócios e adeptos do clube?
ARG – Fiquei muito satisfeita. A comunidade tem sido muito acolhedora. A minha ligação com a cidade, e a minha família, ajudam a criar essa confiança e apoiar esta mudança, e isso dá-me uma grande motivação para seguir em frente. Acredito que estamos todos ansiosos por ver mudanças positivas e acredito que, juntos, conseguiremos realizar grandes feitos.
TS – Quem compõe a sua equipa dirigente?
ARG – De forma muito intencional, a minha equipa é composta por pessoas que sentem o Sporting de Pombal da mesma maneira que eu e que têm um forte compromisso com o clube. Sabemos que o associativismo é um trabalho voluntário, e não procuramos benefícios pessoais, mas sim o bem do clube. Um dos meus objectivos centrais é reforçar a ligação entre o clube e os pombalenses, para que sintam que o Sporting de Pombal é parte das suas vidas e da sua identidade.
TS – Como se sente ao ser a primeira mulher a presidir ao clube e que impacto espera ter na comunidade?
ARG – Ser a primeira mulher a presidir ao Sporting de Pombal é um marco significativo, não só para mim, mas também para a comunidade. Quero mostrar que a liderança feminina no desporto é uma realidade possível. Sinto um peso enorme, mas também uma grande responsabilidade. É um desafio que abraço com muito orgulho. O futebol, como muitos sabem, ainda carrega estigmas machistas, mas quero provar que as mulheres têm um lugar legítimo e importante neste espaço. O meu objectivo é inspirar outras mulheres e jovens a acreditarem que podem ocupar lugares de liderança em qualquer área, especialmente no desporto. Espero que a minha passagem pela presidência do clube ajude a quebrar preconceitos e que mostre que a diversidade na liderança é benéfica para todos. Quero promover uma cultura de inclusão e respeito, onde todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas.
TS – Quais são os principais desafios que prevê enfrentar?
ARG – Um dos maiores desafios é a instabilidade que o clube tem enfrentado, especialmente no que diz respeito à formação. Identificamos uma falta de treinadores qualificados e a necessidade de entender melhor a situação financeira do clube. Acredito que, com a minha experiência e a minha equipa, conseguimos estabilizar a situação e começar a traçar um caminho sólido para o futuro. Estamos a trabalhar para angariar novos patrocínios e a fortalecer a nossa relação com a comunidade. Um dos nossos focos será criar eventos que possam unir as pessoas e ao mesmo tempo gerar receitas para o clube.
TS – Quais foram as principais metas que estabeleceu para o mandato?
ARG – Este mandato é curto, uma vez que se trata de uma eleição intercalar, mas temos metas claras. Vamos trabalhar na continuidade do desenvolvimento do futebol feminino e na aproximação da equipa de trail, que queremos integrar melhor no clube. Além disso, estamos a planear a introdução de novas modalidades, como a natação e o BTT, para diversificar as opções que oferecemos aos pombalenses. Queremos também reforçar a formação de jovens talentos. Acredito que um clube forte deve ter uma base sólida, e a formação é a chave para garantir o futuro do Sporting de Pombal. É importante que os jovens tenham a oportunidade de se destacar e, eventualmente, integrar a equipa principal.
TS – A vertente financeira é sempre um obstáculo no desporto. Como pretende superá-lo?
ARG – O apoio financeiro é uma das nossas maiores preocupações. Estamos a desenvolver várias iniciativas para angariar fundos, como festivais e eventos desportivos, que promovam a interacção com a comunidade e ajudem a fortalecer o clube. Por exemplo, estamos a planear um torneio em comemoração ao 102.º aniversário do clube, que não só celebrará a nossa história, mas também pode servir como uma oportunidade de angariar recursos. Além disso, é fundamental a angariação de novos patrocínios e parcerias com empresas e empresários locais, porque acredito que a indústria pombalense deve apoiar o clube da terra. Com isso, não garantimos apenas a sustentabilidade financeira, mas também fortalecemos os laços com a comunidade.
TS – Qual é a importância da formação para o futuro do Sporting de Pombal?
ARG – A formação é absolutamente essencial. Precisamos garantir que os nossos jovens atletas tenham as melhores oportunidades de desenvolvimento. É crucial que consigamos estabelecer uma equipa B, onde os juniores possam evoluir e ser preparados para a equipa principal. Ao criar um ambiente propício para o crescimento, garantimos que o Sporting de Pombal tenha sempre um fluxo de novos talentos, que são fundamentais para a continuidade do clube. Queremos também incentivar a inclusão e a diversidade na formação, para que todos os jovens, independentemente do seu género ou origem, sintam que têm um espaço no nosso clube. Acredito que a variedade de experiências e talentos só vai enriquecer a nossa equipa e a nossa comunidade.
TS – Tem vindo a ser falada, ao longo dos últimos anos, a necessidade de realizar obras de requalificação e beneficiação do Estádio Municipal. O que pensa sobre o assunto?
ARG – O Município tem mostrado interesse em ajudar na modernização das instalações, o que é um grande passo em frente. Recentemente, houve melhorias na pista de atletismo e tudo indica que o estádio também será modernizado em breve. Isso é crucial, porque precisamos de oferecer melhores condições tanto para os nossos atletas quanto para os nossos sócios e adeptos. Desta forma, penso que é fundamental que exista um espaço bem equipado, não só para o desenvolvimento desportivo dos atletas, como também para atrair mais público aos jogos.
TS – Para finalizar, qual seria o seu maior sonho para o clube?
ARG – O meu maior sonho é que o Sporting Clube de Pombal continue a crescer e se torne um pilar da nossa comunidade. Quero que o clube seja uma referência, não apenas no desporto, mas também como um espaço onde todos os pombalenses se sintam bem. Quero que o Sporting de Pombal seja conhecido não apenas pela sua história centenária, mas também pela sua capacidade de se reinventar e de promover a inclusão e a diversidade. Acredito que, com trabalho árduo e dedicação, podemos alcançar esse sonho juntos. O futuro é promissor, e estou ansiosa para ver como podemos transformar o nosso clube num verdadeiro orgulho para Pombal e para a região.
ANA LAURA DUARTE
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