Para que serve um cargo político a não ser para servir pessoas e, desde quando é que servir pessoas é ser-se simplesmente populista, no sentido da sedução básica e oca? A solidez e consistência são os valores mais críticos que implicam análise, estudo e capacidade crítica. Se estas não existirem, os políticos são de plástico e as políticas vazias.
Precisamos de políticos que inspirem, mas para que isso aconteça têm de sentir o que dizem. Para sentir, é preciso perceber para onde querem caminhar e quais são as grandes linhas estratégicas, para além de serem meros animadores sociais. Temos de exigir mais de forma construtiva e esclarecida, nas várias dimensões políticas, desde a local até à nacional, e europeia, uma vez temos essa condição enquanto cidadãos. A falta de preparação que vamos experimentando é grande, mas não chega criticar.
Se não houver participação cívica e social, não se conseguirá resolver, nem tão pouco melhorar nada, sabendo que participar é a única via de se criarem alternativas, seja de ideias, seja de atitude política. Independentemente das simpatias de cada um, os cidadãos devem julgar resultados concretos, analisar os programas políticos apresentados em actos eleitorais e controlar resultados directos e indirectos, sob pena de todo o sistema ser descredibilizado ou, por outras palavras, “deixar de valer a pena”. Este é um papel de cada cidadão.
Nunca estará nem tudo mal, nem tudo bem. Mas quando se sente um concelho, uma região ou um país a estagnar ou até a andar para trás, temos todos uma obrigação cívica “maior”, nem que seja pelas novas gerações. Sabemos também que em culturas mais latinas, portanto, mais emotivas, menos dadas a regras, a exigência e a rigor – o que também felizmente, vai mudando – as simples características de simpatia ou “proximidade” são suficientes para haver sedução, como se isso resolvesse algum dos nossos problemas ou contribuísse para algum desenvolvimento.
Todos, de uma forma geral, alinham que a qualidade geral dos cidadãos com responsabilidades políticas se tem degradado, mas isso, por si só, só vai ajudar a padronizar e a normalizar a mediocridade. Uma vez acontecendo, estaremos numa situação crítica e, normalmente, propícia aos populismos e à consequente delimitação de liberdades.
No nível local, o cinzentismo levará a menos capacidade de transformação e tudo parecerá normalmente difícil.
Poder pensar é a primeira liberdade individual que nenhum de nós deverá perder.
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