Os políticos de plástico e o marketing sem “produto” para vender estão a degradar a democracia e estão a prejudicar o desenvolvimento do País. Reflicto há várias décadas sobre este assunto numa lógica mais local e sub-regional, e sinto que estamos cada vez piores, seja por falta de substância política, seja por desconhecimento sobre como se deve governar, como se deve diferenciar o território, como traçar uma estratégia e, a partir dela, executar com a coragem necessária o que deve ser feito.
Com o advento das redes sociais, a política ainda está mais espectacular, o que até não está mal, mas essa falta de consistência prejudicará inevitavelmente os cidadãos a médio prazo. Paradoxalmente, uma boa parte desses mesmos cidadãos parecem felizes, o que leva a concluir que a participação cívica faz falta e deverá ser a única via para impedirmos aquilo que denomino de uma “galopante mediocridade”.
Este fenómeno é geral, mas é mais grave onde há menos pessoas, onde a massa crítica é menor, onde as pequenas acções parecem ser suficientes, onde o silêncio se propaga a par do ruído das redes sociais. A sequência deste ciclo vicioso dá inevitavelmente atrasos de desenvolvimento territorial, ausência de inovação, baixa geração de riqueza, pouca atracção de investidores e de novos habitantes. É sobre isto que eu convido todos a reflectir.
Em 2024, todos nós temos de exigir realmente mais, de forma construtiva, mas com suficiente pragmatismo. Não é possível suportar falta de transparência, falta de democraticidade e é muito difícil aguentar a falta de organização, assim como a incapacidade de gerir recursos humanos e financeiros. Bem sei que é cada vez mais difícil recrutar para a política pessoas com essas competências porque o escrutínio é grande, o salário é baixo e o sonho de mudar, de fazer melhor e de desenvolver as nossas terras e o País, também se vai esfumando.
É neste imbróglio que estamos, mas a mudança começa em cada pessoa individualmente, desde logo através da percepção de quais são as actividades que qualquer um faria, as que são obra de terceiros e que têm simplesmente o apoio político e, finalmente, as que fazem a diferença, aquelas que acrescentam verdadeiramente valor, seja porque são inovadoras, seja porque se atraiu ou se conseguiu estimular um novo investimento que cria mais emprego ou porque se lançou uma nova medida que faz a diferença no território.
Sei que talvez seja exigir muito, mas também sei que se não exigirmos, a mediocridade alastrará e até parecerá normal. Cabe às pessoas avaliarem bem! Finalmente, não temos de pensar todos da mesma maneira, desde que pensemos e saibamos argumentar pontos de vista porque isso também é alimentador de boas políticas.
Site optimizado para as versões do Internet Explorer iguais ou superiores a 9, Google Chrome e Firefox
Powered by DIGITAL RM