Quando não sabemos explicar os fenómenos que se nos apresentam recorremos ao sobrenatural.
Foi assim, com esta filosofia que apareceram as bruxas e lobisomens e que povoaram as mentes do povo, na sua maioria rural ou mentes mais fracas. Os espanhóis, sábias pessoas, dizem que não acreditam em bruxas, mas que as há, então não há?
O avô do meu vizinho, um dia depois do trabalho meteu se “nos copos “e ficou sentado numa pedra ao fundo da ladeira que o levava a casa. As pernas tremiam e não conseguia subir. A ladeira até é inclinada, mas as pernas não queriam. Pronto! Andava para trás sem equilíbrio. Já lá vão muitos anos.
Claro! As bruxas. Dizia ele que as viu e que o obrigaram a dançar enquanto o chefe delas sentado num grande cadeirão observava a cena e dava as suas ordens. Na verdade, há ali uma encruzilhada de estradas.
Já de madrugada com a cabeça mais ou menos limpa, conseguiu rumar a casa e subir a ladeira. A mulher, que esteve à sua espera pregou-lhe um valente “sermão” e disse ainda que ali andavam copos a mais. Ele jurava que tinham sido apanhado pelas bruxas que não o deixaram subir a ladeira.
As aldeias, antigamente, sem luz na rua os fantasmas agigantavam-se em cada esquina. Um outro vizinho, ainda novo, era moleiro e tal como o pai levavam os taleigos com milho ou trigo. Deixavam a farinha correspondente. Os dias acabavam quando os taleigos todos estivessem entregues.
Lá para os lados do Sebal, grande palacete, uma vez já quase noite e com pressa pois era dia de namoro, passou por baixo de um caramanchão de roseiras. A boina ficou presa numa haste como se de mão humana se tratasse. Claro, não pensou em mais nada. As bruxas àquela hora já andavam por ali e foram elas que lhe roubaram a boina.
No outro dia o pai quando chegou a casa com a boina na mão perguntou porque estava a boina pendurada na roseira do palácio. As bruxas! Sempre as bruxas a explicar o que não tem explicação. Mas que as há não tenho dúvidas.
Na antiguidade havia muitos mitos e lendas. Ainda hoje as há. Com o desenvolvimento da ciência permite-nos compreender alguns desses fenómenos. Como exemplo temos a lua, cuja lenda ainda se conta nos nossos dias. O homem que se mostra na lua cheia tem nas costas um molho de silvas que roçou num dia calmo de domingo. O castigo foi o de mostrar a cara sorridente na lua. A lua tem um lado escuro que é onde os fantasmas se escondem e tem o condão de influenciar o nosso humor assim como as marés no mar.
Segundo a mitologia grega os eclipses solares representam a coordenação divina do seu rei. A bíblia está cheia de mitos e lendas. As lendas são “estórias” contadas por pessoas e que se transmitem quase sempre de forma oral, através das gerações. No entanto não esqueçamos que quem conta um conto acrescenta um ponto.
As lendas e mitos seriam uma “estória” pequena a quem se foi acrescentando mais, ao jeito de quem a conta. As lendas procuram dar explicação a acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Há ilustrações que mostram ursos e leões lutando contra o mal. Há, ainda, principalmente nas aldeias quem acredite no quebranto ou mau-olhado. Prende se com a magia negra. Também há quem o saiba tirar. É preciso um crucifixo, uma taça com água limpa e azeite.
Como saber que a pessoa está com mau-olhado?
– O que deseja não dá certo.
– Na sua casa há barulhos estranhos ou mesmo um copo se quebra sem grande explicação.
– Cansaço sem motivo aparente ou constante.
A oração para tirar o quebranto ou mau-olhado é assim: Começa por se benzer. Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo dois (olhos) te puseram e três to hão-de tirar (a Santíssima Trindade). De onde o mal veio para lá torne a voltar. Em nome das três pessoas da Santíssima trindade. Enquanto reza benze-se de novo e deita três pingos de azeite no pratinho com água.
Certo é que a água e o azeite não se misturam, mas aqui e durante esta oração o azeite desaparece mesmo fazendo uma espécie de borbulha na água. Para onde vai o azeite? Não sei e também ninguém sabe, mas é verdade. Já vi muitas vezes. Quando as bolinhas de azeite ficam intactas na água é sinal de que a pessoa está curada. A água não serve de uma vez para a outra. Deita-se fora para onde ninguém pise.
Mito? Lenda? O que sei é que ainda hoje se utiliza esta prática.
Mas há mais: varrer os pés, a pessoa não se casa. Entornar sal: azar que aí vem. Pôr uma vassoura ao contrário atrás da porta; as visitas vão embora. A mosca varejeira é sinal de agouro. O cão a uivar é sinal de morte ou desgraça. O sonâmbulo não se deve despertar: pode morrer. O sonâmbulo volta para a cama.
Os girassóis acompanham o sol. Só mudam de direcção quando amadurecem e fixam-se orientadas a Leste. Será ainda que o açúcar acalma os nervos? Parece que não. E o bolo quente faz mal à barriga? Um gato preto é sinal de azar? Coitadinho do gato! Mitos estes todos? Quem sabe…
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