Deniz-Jacinto, Fernando Namora e Manuel Filipe foram condecorados a título póstumo, pela Câmara de Condeixa, com a medalha de honra, no decorrer das comemorações do Dia do Município, a 24 de Julho.

O teatrólogo, o escritor e o pintor viram reconhecida a “marca indelével” que deixaram na “história cultural e artística de Condeixa”.

No elogio aos homenageados, António Pedro Pita, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e antigo director regional de Cultura, detalhou os seus enriquecedores percursos de vida e o posterior regresso a Condeixa.

“Quando regressam, são todos personalidades referenciais da nossa vida cívica e cultural”, evidenciou na intervenção.

Fernando Namora foi homenageado em 1980, e a Casa Museu, inaugurada em 1990, “é uma das direcções e dos resultados dessa homenagem”. Deniz-Jacinto e Manuel Filipe foram homenageados em 1996.

“No caso de Manuel Deniz-Jacinto, a homenagem consolidou o reencontro com o homem de teatro e desse reencontro nasceram o festival e o prémio que permanece. No caso de Manuel Filipe, desse reencontro resultou a Galeria Manuel Filipe, que se tornou um património importantíssimo de arte contemporânea, de relevância nacional, que está localizada em Condeixa”, referiu Pedro Pita.

Para o também investigador, os seus regressos a Condeixa, “lentos, quase cautelosos, talvez involuntários, mas aconteceram”, permitiram reactivar “uma ligação mais densa, enriquecem uma atmosfera simbólica, enriquecem uma convicção: a pacífica adormecida vila pode agitar-se e transformar os seus passados em futuros desafiadores e criativos, na exacta medida em que esteja à altura destas referências igualmente iluminantes e de outras que, felizmente, também há”.

“E se assim for, no ouro que muito justamente hoje [24 de Julho] concede a Manuel Filipe, Manuel Deniz-Jacinto e Fernando Namora, o Município celebra-se a si próprio como fascinante lugar de formação de três homens que o honraram como poucos, ao trazerem de vários passados os caminhos de muitos futuros”, preconizou António Pedro Pita.

“Legado de Abril” perpetuado em livro

O livro “Legado de Abril”, uma colectânea de textos inserida nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, com coordenação de Miguel Pessoa, foi apresentado, por João Gouveia Monteiro, professor catedrático da Universidade de Coimbra e director da sua Biblioteca Geral, na sessão solene do Dia do Município. A obra inclui textos de Alice Rito, António Pedro Pita, Carlos F. Alves, Fernando Abreu, Idalino Simões, José Manuel Mendes, José Quitério, Leão Lopes, Lino Rodrigo, Luís Reis Torgal, Manuel dos Santos, Marcelo Azeredo Rodrigo, Paulo Archer de Carvalho, Susana João Carvalho, Teresa Alegre Portugal e Vítor Serrão. Na mesma sessão, que contou com a presença do embaixador da Argélia em Portugal, Chakib Rachid Kaid, foram ainda entregues as habituais medalhas aos funcionários municipais por anos de serviço. No caso, Cristina Carvalho, Fausto Pereira, Gonçalo Reis, Helena Bigares, João Figueira, João Tavares, Joaquim Gonçalves, Jorge Almeida, Lina Santos, Manuel Cardoso, e Ramiro Alves.

‘Cerâmica Criative Hub’ quase concluído

 Faltam os arranjos exteriores e a aquisição de mobiliário para poder entrar em funcionamento o Cerâmica Criative Hub, o centro de indústrias criativas que nasce da reabilitação da antiga fábrica Cerâmica de Conímbriga, na Faia, em Condeixa. A obra, de cerca de 1,7 milhões de euros, que sofreu vários atrasos na sua execução que motivaram a perda de fundos comunitários e devem culminar com acções mútuas em tribunal, de autarquia e empreiteiro, está praticamente concluída e foi visitada no âmbito das comemorações do Dia do Município. O espaço pretende enquadrar programas de incubação e aceleração de empresas, “interligado com os mais referenciais centros tecnológicos e formativos, cujo público-alvo sejam sectores da cerâmica, artes, criatividade e tecnologia”; promover acções de formação, workshops artísticos e prestação de serviços especializados a empresas e tornar-se num “pólo de referência e inovação no panorama cerâmico nacional e internacional”.

LUÍS CARLOS MELO

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]