O Centro Interpretativo do Cereal, edificado após a restauração de uma casa com moinho, vai ser inaugurado no próximo dia 19, no Espinhal, pretendendo constituir “um tributo ao passado e uma lição para o futuro”.
“A ideia foi transformar a casa e o moinho num espaço museológico que pudesse homenagear os moleiros de então, uma vez que o Espinhal teve uma enorme tradição nesta actividade”, explica o empresário António Alves, dinamizador deste projecto de natureza privada, iniciado com a aquisição de um imóvel em ruínas há cerca de década e meia e concretizado nos últimos três anos.
Os moinhos de água têm um longo historial naquela freguesia, sendo o primeiro documentado do ano de 1242, quando Estêvão Peres Espinhal e sua esposa doaram à Sé de Coimbra os moinhos que possuíam nas margens do rio Dueça.
De resto, a existência histórica de inúmeros moinhos de água no Espinhal assentam na presença de diversos cursos de água, como as ribeiras da Azenha e do Pisão e o Dueça.
Durante séculos, estes moinhos desempenharam um papel fundamental na comunidade local, moendo os cereais como o trigo, centeio e, posteriormente, milho para a produção de pão e broa, que na época era predominantemente caseira.
O moinho do Centro Interpretativo do Cereal apresenta uma área total de 82 metros quadrados, sendo constituído por um engenho de moagem, uma sala anexa, “que era o quarto do moleiro”, e um forno de lenha.
“No processo de recuperação, aproveitámos as mós, o resto foi tudo restaurado de raiz”, destaca António Alves, sublinhando tratar-se de um projecto concretizado com acesso a fundos comunitários, mas “gastei muito, muito, muito mais dinheiro do que o que estava previsto na candidatura aprovada. Uns largos milhares de euros “, enfatiza.
Para além do moinho restaurado e em funcionamento, “quisemos transformar a casa num espaço de exposição com ferramentas e utensílios da arte do moleiro e para exposições temporárias”. No dia da inauguração será lançada uma mostra fotográfica sobre o Espinhal antigo.
O centro interpretativo fica localizado próximo do Parque Verde da Quinta da Cerca, na margem esquerda da ribeira da Azenha.
As futuras visitas ao espaço, que irão ter um “custo simbólico”, serão direccionadas para a população em geral, turistas e comunidade escolar.
“Este projecto não é para ganhar dinheiro, é antes serviço público, é para trazer pessoas à freguesia do Espinhal e fazer uma homenagem aos moleiros de outros tempos, e o meu bisavô era moleiro, homenagem a esta profissão que faz todo o sentido fazê-la e assim teremos um espaço que pode ser visitado por toda a gente”, realça o também ex-autarca.
LUÍS CARLOS MELO
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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