O PSD de Penela comemora 50 anos com a homenagem a todos os seus fundadores e autarcas desde 1976, incluindo aqueles que já não estão entre nós e que, por maioria de razão, devemos, independentemente de afinidades partidárias, uma palavra de apreço e de memória por tudo o que acrescentaram às suas terras e aos seus conterrâneos. Não há futuro se não houver memória, pelo que é com orgulho que se deverá recordar o passado, com a consciência e bom senso que não se fez tudo bem, que houve erros, mas que o resultado final é muito satisfatório. Poderíamos desfilar aqui obras estruturantes, desde escolas, estradas municipais, infra-estruturas ambientais, requalificações urbanas, a incubadora de empresas HIESE ligada ao Instituto Pedro Nunes, uma referência europeia no suporte ao arranque de novas empresas, áreas empresariais, valorização do património romano, medieval e natural, a criação de momentos que elevaram a notoriedade do concelho e da região, como o Penela Presépio, a criação da Bienal de Humor do Espinhal, a Vinália, a valorização dos produtos agrícolas de maior relevo e a criação de marcas, no queijo Rabaçal, no mel da Serra da Lousã, nos vinhos Terras de Sicó, entre outras acções originais e criativas que, até ao presente, marcam a vida dos Penelenses.
Mas, objectivamente, há um indicador que compara com os vários concelhos da região em que Penela fez uma evolução extraordinária nas últimas décadas. O Índice de Poder de Compra per Capita de Penela (IPC) é 77,5% da média portuguesa, segundo dados da Pordata de 2021, acima de todos os concelhos do Pinhal Interior, desde Proença-a-Nova, Sertã, Oleiros, Vila de Rei, Pedrogão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pêra, Ansião, Alvaiázere, Miranda do Corvo, Soure, Arganil, Góis, Tábua, entre vários outros, só sendo ultrapassado por Pombal, Coimbra, Cantanhede, Condeixa-a-Nova e Lousã. Este indicador revela muito das políticas económicas e sociais que foram estrategicamente desenvolvidas, para além naturalmente da capacidade empreendedora dos empresários do Concelho, da dinâmica associativa e social e, na base de tudo, da apreensão destes princípios de desenvolvimento por cada um dos Penelenses.
Por outro lado, a demografia realmente é um indicador que revela fragilidade, tal como na maioria dos concelhos destas sub-regiões, o que só vem reforçar a necessidade de políticas públicas mais concertadas entre os municípios. As Comunidades Intermunicipais foram criadas para isso mesmo, para o reforço da massa crítica em áreas económicas e sociais, para além das áreas administrativas. Este é um desígnio que continua por cumprir na maioria destas Comunidades Intermunicipais que devem deixar de ser vistas exclusivamente como mais um “cesto” de financiamento para dividir por todos de forma equitativa. São para isso necessárias lideranças, é para isso necessário voz política e estratégia de desenvolvimento, variáveis onde os Presidentes de Câmara possuem um papel crescentemente responsável. Os próximos dez anos são críticos para a definição destes territórios, sendo que para isso o papel do Estado é defender a ideia de que a demografia, por si só, não deve ser critério de corte de serviços. Não vale a pena desenhar políticas muito complexas, basta simplesmente proporcionar o acesso à rede de fibra óptica, o acesso à informação, o acesso à saúde e à educação, ou a serviços de suporte, e que estes sejam feitos com qualidade e de forma similar por todo o território. O Estado cumprindo esse papel, já deixará o ponto de partida resolvido para que na base local se comece a pensar que é muito melhor unir do que dividir para reinar. É na base local que deve existir pensamento estratégico, desde a célula da aldeia, passando pelo município e, finalmente, terminando na sub-região. Nestes três níveis, os papéis têm que evoluir na próxima década, mas para que isso aconteça a massa crítica política também terá de aumentar. É preciso haver tempo para as pessoas e para o território, mas como o tempo é limitado, é preciso aproveitar bem todos os recursos disponíveis em cada um dos municípios que, apesar das dificuldades, têm estruturas técnicas capazes, envolvendo a sociedade civil. Se não formos exigentes com o Estado no cumprimento básico das suas obrigações para o território, e com o nível local para que tenhamos vozes políticas consistentes, então andaremos todos muito mais devagar e, inevitavelmente, o fosso entre as áreas metropolitanas e o resto do País vai ainda aumentar mais. Passados 50 anos do advento da democracia em Portugal, este “D” de desenvolvimento só se cumprirá com cada um destes patamares políticos bem conscientes de que a mudança passará, desde logo, por aqui.
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