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Condeixa: Unesco ‘devolve’ candidatura de Conímbriga a património mundial

7 de Julho 2024

Conímbriga corre sérios riscos de ficar fora da Lista Indicativa do Património Mundial de Portugal, que a Comissão Nacional da Unesco actualizará em 2026, depois de uma avaliação prévia, no âmbito da referida comissão, ter ‘aconselhado’ a reformulação total da candidatura, liderada pela Câmara de Condeixa em parceria com a Associação Ecomuseu, e sugerido “eventualmente uma nova linha condutora”. Ainda que o prazo dado – 15 de Setembro próximo – para a referida modificação possa vir a ser algo protelado, o tempo é escasso para encetar tão profunda alteração num projecto que se iniciou já há uma década, adiantam ao TERRAS DE SICÓ fontes conhecedoras do processo.

Adiantam ainda as mesmas fontes que há “muita parra e pouca uva” numa candidatura que apresenta “algum amadorismo” para objectivo tão relevante.

A revisão da Lista Indicativa é feita de 10 em 10 anos – a seguinte será apenas em 2036 – e é a partir dela que depois a Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura decidirá quais os bens do património nacional alcançarão o cobiçado estatuto de Património Mundial.

O presidente da Câmara de Condeixa, Nuno Moita, adiantou na última sessão da Assembleia Municipal, a 24 de Junho, que a comissão “tem dúvidas sobre a sustentabilidade financeira do projecto”. Trata-se de uma “fragilidade” da candidatura “porque o ‘dono’ de Conímbriga não é Câmara, é o Estado, e a Direcção-Geral do Património Cultural e a entidade pública empresarial que lhe sucedeu [Museus e Monumentos de Portugal] não apoiaram este projecto. Não foram contra, mas também não lhe deram guarida, e isso está a criar um problema”, criticou o autarca, admitindo ainda outros constrangimentos no capítulo da “arqueologia”.

Nuno Moita, que integra o Conselho Consultivo da Comissão Nacional da Unesco, enquanto representante da Associação Nacional de Municípios Portugueses, mostra-se optimista quanto ao desfecho do processo, que considera “complexo”, e assegura que a Câmara irá avançar com “a contratação de um especialista para nos ajudar”.

De resto, na mesma reunião, a Assembleia Municipal aprovou uma recomendação ao executivo para que “reforce os recursos técnicos especializados afectos a esta demanda, por forma a aumentar o nível científico, qualidade e consistência da candidatura a Património Mundial da Unesco”, reforce a rede de parceiros actuais, “que permita renovar, robustecer e aumentar a dinâmica e exposição desta iniciativa” e ainda “exerça o seu poder de influência para conseguir uma prorrogação do prazo actual, fixado até 15-09-2024”.

O autarca afirmou igualmente que em apreciação prévia pela comissão estão 14 candidaturas a nível nacional e “todas elas têm problemas”.

“Não sejamos derrotistas, porque ainda não estamos nessa fase”, disse Nuno Moita na mesma ocasião.

 

Mais empenho político

A proposta para avançar com a candidatura partiu, em 2013, de Miguel Pessoa, presidente da Associação Ecomuseu e também deputado municipal pela CDU.

Para o arqueólogo, as entidades promotoras da candidatura “tudo fizeram em prol da valorização de Conímbriga e do levantamento do inventário do património cultural, material, imaterial e natural do Município de Condeixa-a-Nova, através da localização de colecções e monumentos, criação de museus, publicação de catálogos temáticos, realização de escavações arqueológicas, visitas acompanhadas, organização de colóquios, jornadas e conferências, montagem de exposições, publicação de actas, guias temáticos e roteiros com a explicitação do património de todas as épocas, em diálogo com a criação contemporânea e os artistas emergente”.

“Todos estes trabalhos foram realizados no sentido de constituírem um somatório de informação a entender como um reforço do Movimento para a Promoção da Candidatura de Conímbriga a Património Mundial da Unesco. Chegados a este ponto, considera-se que não estão reunidas as condições objectivas para a continuação do que tem sido proposto durante a última década, mormente ao nível da necessária e especializada elaboração técnico-científica de uma propositura de Conímbriga à lista nacional de candidatura a Património Mundial da Unesco”, reconheceu ao TERRAS DE SICÓ.

Miguel Pessoa defende “uma elevação do empenho político por parte da autarquia de Condeixa e a contratação de um contributo externo especializado técnico-científico que se traduza num aumento de potência e num novo esforço, no quadro de um movimento dinâmico agregador que acrescente ao existente” outros apoios de relevo.

A Lista Indicativa nacional actualizada em 2016 integra 21 bens patrimoniais.

LUÍS CARLOS MELO

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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