Ainda não se sente o cheiro da sardinha assada, mas uma coisa é certa, na Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Soure a tradição volta a cumprir-se e os marchantes estão prontos para sair à rua naquela que é a celebração de uma das maiores tradições populares da época, as Marchas Populares.
A primeira apresentação pública está agendada para dia 14 de Junho, em Coimbra. Segue-se Soure, onde actuam a 22, sem esquecer “outras datas que estão a ser organizadas”. E se há quem pense que a preparação é feita de véspera, podemos adiantar que o grupo, constituído por mais de meia centena de elementos, está a trabalhar “desde início de Abril”.
Por ali, os fatos foram pensados ao detalhe e ajustados consoante as necessidades de cada marchante, as ‘jóias’ combinam na perfeição com os sapatos, os penteados já estão estudados, e a maquilhagem decidida, isto porque o grupo conta com o “apoio inestimável de duas cabeleireira e uma maquilhadora que nos ajudam voluntariamente” a abrilhantar (ainda mais) a actuação, que se espera de alto nível, revela Cristina Gaspar, ‘pilar-central’ na organização do grupo, e marchante, “pois claro!”.
Facto é que a APPACDM actua junto de um grupo de utentes que à primeira vista pode parecer mais vulnerável, no entanto, quando se espreitam os bastidores desta iniciativa, percebe-se de imediato que se trata de uma “marcha integrada, onde não há distinção entre colaboradores e utentes: somos todos iguais, com o mesmo valor e com o mesmo envolvimento”, explica a directora técnica da instituição, Carla Andrade, enquanto dá conta da importância deste tipo de actividades, “onde há uma grande entrega à comunidade” e o objectivo primordial é o de “quebrar estigmas”, destaca.
No que diz respeito aos marchantes, o brilho no olhar e o sorriso rasgado revelam “o entusiasmo que é fazer parte deste grupo”. Nos bastidores está Margarida, Ana e Dulce, apoiadas pelas mentoras, que aproveitam para dar os últimos retoques aos fatos coloridos: “os ajustes e emendas são todos feitos dentro da instituição, com o envolvimento dos formadores e formandos do curso de costura”, explica enquanto adianta que “tendo em conta que este ano se celebram os 50 anos do 25 de Abril, escolhemos trabalhar o tema da ‘Liberdade’”.
O jovem Gonçalo junta-se às colegas: está “feliz e muito ansioso por mostrar o que andamos a preparar”. Na verdade, quer “deixar uma boa lembrança junto do público que assistir à nossa actuação”. E vai mais além: “queremos transmitir alegria e diversão” e mostrar o “orgulho” que tem em vestir o traje da APPACDM.
Assim como o Gonçalo, Ana Sofia e Dulce já são repetentes nestas andanças, e por isso trazem a lição bem estudada, que é o mesmo que dizer que já têm a coreografia bem ensaiada. Já Margarida integra o grupo pela primeira vez este ano, e apesar da “ansiedade”, está “muito entusiasmada e feliz”.
“A preparação das marchas, só por si é muito trabalhosa, e neste contexto pode ser ainda mais desafiante”, assume a responsável. No entanto, “é inexplicável o sentimento depois de cada actuação: é uma grande descarga de emoções e vibramos muito com o nosso sucesso”.
De referir que a ‘Marcha da Vila de Soure’ da APPACDM foi criada “há cerca de sete anos, e tem vindo a crescer e a consolidar-se de uma forma muito significativa e gratificante, não só para nós, enquanto instituição e para os nossos utentes, como também junto da comunidade”. De forma a dar resposta a este crescimento, o grupo conta ainda com o “apoio externo de um ensaiador, João Costa, responsável pela música e coreografia”.
ANA LAURA DUARTE
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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