Salgueiro Maia escolheu Pombal, cidade onde viveu na adolescência, para celebrar o 1 de Maio em 1974, “junto do povo, dos seus amigos e familiares”. Meio século depois, Pombal escolheu o Dia do Trabalhador para lhe prestar homenagem com a atribuição, a título póstumo, da Medalha de Honra, grau Ouro, do Município.
O percurso de vida do ‘capitão de Abril’ foi, ainda, evocado com a inauguração de um mural de grandes dimensões, da autoria do pombalense João Ribeiro. A obra, “com mais de 10 metros de altura, levou cerca de uma semana a produzir”, conta o jovem artista plástico visivelmente “orgulhoso pela oportunidade e responsabilidade” depositada. Afinal, “é preciso preservar a memória para que a história não morra”, destaca.
Minutos antes, o Salão Nobre dos Paços do Concelho enchia-se para receber Natércia Maia, viúva do ‘capitão’, a quem foi entregue a medalha de honra. “Uma homenagem a um verdadeiro herói, símbolo de coragem, determinação e justiça”, que personaliza “os valores mais nobres da sociedade”, considera Pedro Pimpão, presidente da Câmara Municipal de Pombal, enquanto descreve Salgueiro Maia como “um farol de esperança em tempos de incerteza”, figura emblemática, “homem de princípios e ícone de ética”.
O autarca aproveitou o momento de “reflexão” para deixar a ideia de que “a liberdade é o dínamo da criatividade, da inovação e da busca pelo progresso, mas a liberdade não floresce sem a democracia”. No entanto, “a liberdade e a democracia não são garantias automáticas, nem perpétuas”, são antes “conquistas que precisam de ser defendidas constantemente contra todas as formas de autoritarismo ou intolerância”. Assim, “torna-se cada vez mais importante reafirmar o nosso compromisso com a liberdade e a democracia” e defender esses valores “acerrimamente”, destaca.
Na última intervenção enquanto comissário para as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril em Pombal, Luís Marques considerou que “não podíamos terminar este ciclo da melhor forma”, referindo-se à homenagem prestada ao “generoso e singular” Salgueiro Maia, que “não recebeu em vida o destaque merecido, mas que ocupa um lugar único no coração dos portugueses, que não o esquecem”, garante.
Com um ar simpático e recatado, Natércia Maia considera o tributo “um acto de justiça” e assume que “ele [Fernando José Salgueiro Maia] estaria muito orgulhoso”. Nas breves palavras proferidas, a antiga professora optou por partilhar memórias únicas, de “um ser humano excepcional”. Pombal encerrou assim com chave de ouro as comemorações da Revolução dos Cravos.
ANA LAURA DUARTE
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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