O director do Museu Nacional de Conímbriga (MNC), Vítor Dias, defendeu hoje que importa continuar a investir em campanhas arqueológicas regulares na antiga cidade romana, no concelho de Condeixa.
Em declarações à agência Lusa, a propósito da comemoração do Dia Internacional dos Museus, 18 de Maio, Vítor Dias disse que será uma oportunidade de realçar que o MNC, “por ser conceptual e funcionalmente monográfico, apenas expõe espólio proveniente do campo arqueológico”.
“Por este motivo, é tão importante continuar a investir em campanhas arqueológicas regulares. Relembra-se que, ao contrário da maioria dos museus, as nossas colecções não são adquiridas, mas sim literalmente escavadas”, afirmou.
O director do Museu de Conímbriga considerou “importante recentrar a atenção na importância estrutural da investigação do campo arqueológico e reflectir sobre o retorno que seis décadas de investigação arqueológica e práticas museológicas proporcionaram”.
Numa instituição “tão singular no contexto dos museus nacionais”, a investigação do sítio romano “numa escala assinalável” começou em 1899 e antecedeu a criação do próprio museu, em 1962.
São os resultados deste trabalho de várias gerações de cientistas, ao longo de 125 anos, “que originam e legitimam” a existência de um museu “que ancora a protecção do sítio arqueológico mais visitado do país”, adiantou o director.
Para a equipa do Museu de Conímbriga, o Dia Internacional dos Museus constitui “uma oportunidade para destacar o papel da investigação no processo contínuo de aquisição de conhecimento”.
“Conímbriga é muito mais do que um museu. É um sítio arqueológico onde se materializa um campo arqueológico em progresso, com cerca de 22 hectares de cidade antiga que são elucidativos da escala e do potencial”, sublinhou.
Para Vítor Dias, “a monitorização de seis décadas de trabalho do museu permite afirmar que o investimento realizado até ao momento tem um retorno amplamente positivo, dando garantias de que os 125 anos de escavações merecem continuidade planeada, com meios financeiros e critérios metodológicos que honrem e acrescentem novos capítulos à longa historiografia” de Conímbriga.
“A historiografia da investigação, a identidade e inúmeras potencialidades do MNC facultam a este espaço museológico, em particular, ser o local certo para o desenvolvimento de um ‘cluster experimental de ciência’, que perspectivamos no nosso plano cultural desde 2021”, preconizou.
O arqueólogo reiterou que Conímbriga reúne condições para funcionar “como um laboratório de investigação interdisciplinar e interinstitucional”.
No dia 18, o programa comemorativo, com início às 14:30 e seguindo o tema proposto pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), “Museus para a educação e a investigação”, permite apresentar alguns trabalhos de investigação em curso no sítio.
Desde 2010, a investigação do MNC contribuiu para 15 mestrados e 16 doutoramentos. Desde 2019, foram realizados 43 estágios no Museu Nacional.
No Dia dos Museus, além de Vítor Dias, entre oradores afectos à entidade anfitriã e outras do país, intervêm Ida Isabel Buraca, Daniel Andrade, Diana Antunes, Débora Lagreca Rodriguez, Luís Ruivo, Raquel Brás Marques, José Ruivo e Virgílio Hipólito Correia.
Lusa
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