25 de Abril de 2025 | Quinzenário Regional | Diário Online
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PAULO JÚLIO

Como valorizar e criar riqueza adicional?

17 de Maio 2024

A valorização do território, sobretudo em comunidades locais de dimensão menor, é crítica para o desenvolvimento. Valorizar é aproveitar os factores que de algum modo podem ser diferenciadores, juntar-lhes criatividade e dimensão regional, através da criação de redes com outros territórios similares. Penela tem dois castelos medievais do século XI, tem dois sítios arqueológicos romanos, no Rabaçal e em São Simão, tem a particularidade de estar numa zona de transição do calcário para o xisto, portanto, alberga, conjuntamente com outros municípios, a Serra da Lousã e a Serra de Sicó, com as suas características naturais complementares, tem património construído para o qual tem de haver uma política estratégica objectiva e continuada, nomeadamente os centros históricos de Penela, Espinhal, Podentes, Rabaçal e Cumieira, para além de algumas dezenas de aldeias encantadoras e com crescente procura. Não é pouco. Mas, apesar disso, não sabemos o que é que Penela está a fazer com a Rede dos Castelos e Muralhas Medievais da Linha Defensiva do Mondego, fundada em 2011, o que se passa com o Centro de Estudos Salvador Dias Arnaut, criado em 2008 – que deveria ser um centro de investigação e um local de interpretação para o património medieval do Germanelo e de Penela, ou até sobre o que se pretende do “projecto Casa da Legião” cujo património foi adquirido pela Câmara há mais de 15 anos para um verdadeiro projecto diferenciador que visava atrair famílias e crianças, ou ainda saber do que é feito da Rede das Aldeias do Calcário. Valorizar o território é criar valor, é atrair pessoas, desenvolver economia local, restaurantes, hotelaria, comércio local,  turismo de base rural, enfim criar riqueza. A falta de visão e capacidade de criar projectos novos está perfeitamente identificada, mas o facto de se deixar morrer projectos que visam criar riqueza, valorizar, associar municípios, ainda é mais problemático e condicionador do futuro. As redes de trabalho entre municípios são realmente difíceis, mas são a “cola” do desenvolvimento, da escala, da criação de marcas territoriais, com o envolvimento dos cidadãos. A complexidade da gestão de um território está crescentemente mais exigente, mas quando não há políticas estratégicas e capacidade de execução, as pequenas comunidades são quem mais sofre. Vale a pena haver reflexão sobre a valorização do território porque todos ganham ou, todos perdem, quando não se vislumbra a valorização do que é diferenciador. Não sei se há concelhos em Portugal com dois castelos medievais, para além de Penela. Se os houver serão muito poucos, e isso deveria ser ponto de partida para tudo o resto, no que concerne a património. Há uma parte da economia local que se pode desenvolver à volta deste desígnio, crucial para, por sua vez, criar mais atractividade para o território. Isso, consequentemente, traz auto-estima aos cidadãos, um intangível que serve de base a qualquer dinâmica de desenvolvimento. Se falarmos do património natural da serra de Sicó e da serra do Espinhal, se integrado numa base estratégica, não tenho dúvidas que desde as autarquias de freguesia, passando pelos privados, não faltará suporte para dar espessura e até trabalhar novas ideias com os municípios vizinhos de Miranda do Corvo, Lousã, Ansião e Condeixa, para não ir mais longe. Essa iniciativa política é muito importante que seja pensada e tenha liderança, se quisermos surpreender e ter um melhor futuro.


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