10 de Setembro de 2024 | Quinzenário Regional | Diário Online
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LILIANA M. PIMENTEL/RICARDO C. JOAQUIM

50 anos do 25 de Abril: o que dizem os números sobre a Região de Sicó?

3 de Maio 2024

O 25 de Abril foi apenas há 50 anos, mas em 50 anos Portugal mudou substancialmente. Os números que o digam. Portugal era um país onde o sol nascia para todos, mas o privilégio da sombra era só para alguns. De forma a assinalar esta data histórica do nosso país, pretendemos reunir, com este pequeno artigo, um conjunto de indicadores e análises acerca da evolução de determinadas dinâmicas sociais pré-Revolução dos Cravos e do período mais actual da história, por via da informação disponível para os seis concelhos de Sicó no site Pordata. Note-se que relativamente ao período pré-revolução para o contexto detalhado dos municípios apenas existem dados referentes a 1960.

Famílias: menos casamentos católicos, menos bebés e famílias mais pequenas

Se em 1960 se celebraram 1.189 casamentos na Região de Sicó, em 2022 o número reduziu para mais de metade (-71%). Foram apenas 340 os matrimónios que se celebraram nesse ano, o último com dados disponíveis, o que traduz uma redução superior em 23% à registada a nível nacional. O número de casamentos católicos também caiu significativamente. Antes da Revolução dos Cravos, 98% dos casamentos registados foram celebrados pela Igreja, tendência que se inverteu e em 2022, os matrimónios passaram a ser maioritariamente (59%) não-católicos.

O número de bebés nascidos em 2022, na Região de Sicó, também regista uma redução de 73% face aos valores registados em 1960. Se no período pré-Revolução considerado na análise nasciam 2.623 bebés na região, em 2022 o número foi apenas de 696.

A dimensão média das famílias também passou por mudanças significativas. Em média, no ano 1960 as famílias de Ansião e Pombal acompanhavam a média nacional, sendo constituídas por quatro elementos, enquanto nos restantes concelhos as famílias eram menores, em média, três elementos. Por sua vez, em 2021, à excepção de Condeixa que manteve o número médio de elementos que compõem uma família (três, em linha com a média nacional), os restantes territórios de Sicó registaram uma redução para o valor médio de dois elementos.

População: Menos população residente em Sicó e mais proporção de mulheres

Há menos população nos concelhos de Sicó, à excepção de Condeixa que vê a sua população aumentar de 13.555, em 1960, para 16.732, em 2021. Em 1960, residiam na Região 140.350 cidadãos, ao passo que em 2021 o número alcança apenas 108.483 (-23%). De referir que em paralelo com o que se constata a nível nacional, a população residente nos seis concelhos de Sicó era composta maioritariamente por mais mulheres: 51,7% em 1960 e 52,6% em 2021.

Emprego: mulheres como força de trabalho e trabalhadores transitaram para os serviços

Em 1960, 94% dos trabalhadores no território de Sicó eram homens e apenas 6% eram mulheres. Actualmente, o panorama mudou, encontrando-se um maior equilíbrio: há 53% de trabalhadores do sexo masculino e 47% do feminino.

Para além disso, os trabalhadores transitaram para os serviços. Antes do 25 de Abril, era visível uma maior concentração de trabalhadores na Região de Sicó no sector primário (72,3%), em detrimento dos sectores secundário e terciário, ambos com 14% da população empregada. Em 2021, o cenário já era bem diferente, à semelhança com o que se verifica no contexto nacional. A maioria dos trabalhadores (66,2%) estava empregada no sector dos serviços. O sector secundário – o da indústria – detinha 31,1% da população trabalhadora. Já o primário foi o que registou a maior descida (97%): reduziu para 2,7% dos trabalhadores.

Escolarização: diminui população sem escolaridade e 67 vezes mais residentes com ensino superior

Com o 25 de Abril a escolarização tornou-se universal, potenciando as habilitações literárias da população. Em 1960, 79,1% da população residente em Sicó com mais de 15 anos não tinha qualquer nível de escolaridade completo, em confronto com os 9,8% registados em 2021. A percentagem de população que completou o ensino secundário na Região teve a subida mais acentuada (+20,7%), sendo que antes da Revolução apenas 0,8% da população o completava. Ao mesmo tempo, em 2021 no território de Sicó há 67 vezes mais residentes com o ensino superior. Eram apenas 201 (0,2% da população) em 1960, enquanto em 2021 o valor já estava nos 13.489 (14,0%).

Abril não é apenas um marco na história, é uma Revolução contínua e inacabada em prol de uma democracia melhorada a cada dia que passa. Cabe a nós, enquanto sociedade, perpetuá-la como uma acção construtiva de esperança, defendendo a igualdade de oportunidades e a liberdade conquistada na madrugada de 25 de Abril de 1974.

Liliana Marques Pimentel – Professora universitária na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Anobra (Condeixa)

Ricardo de Carvalho Joaquim – Licenciado em Economia, mestre em Contabilidade e Finanças na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Alvaiázere.


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