Os Bombeiros Voluntários de Alvaiázere (BVA) inauguram no próximo domingo (17) o salão nobre no quartel da corporação, um espaço há muito desejado e que agora ‘abre portas’ no âmbito das comemorações do 84.º aniversário.
“Quando o quartel foi construído, há cerca de 25 anos, não foi equipado com salão nobre, uma sala magna para reuniões como as assembleias gerais, a recepção a entidades convidadas ou outras sessões de relevo, e agora conseguimos concretizar essa obra, adaptando um dos espaços existentes”, explica o comandante Mário Bruno, sublinhando ser o cumprir de “um sonho tanto da direcção como do comando” que ajuda a “dignificar mais o quartel” requalificado em 2019.
O novo espaço vai também permitir homenagear o padre Celestino Ferreira Brás, “uma das figuras mais importantes desta associação, que a ela presidiu durante 40 anos e ainda hoje nos acompanha nas nossas necessidades”. Ao novo salão nobre da instituição será atribuído o seu nome.
Fundada a 7 de Março de 1940, a Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários Alvaiázere (AHBVA) viu-se, de novo, forçada a adiar por uma semana a comemoração do aniversário, devido ao dia de eleições legislativas do passado domingo. Em 2023 fora o Congresso Nacional da Liga dos Bombeiros a retardar a celebração.
Para além da inauguração do salão nobre, onde irá decorrer a sessão solene comemorativa do 84.º aniversário, os BVA vão ainda proceder à bênção de uma ambulância de transporte de doentes não urgentes.
A corporação aguarda também a chegada nos próximos meses de um veículo florestal de combate a incêndios, “atribuído pela CIM Região de Leiria, com o apoio do município e da associação”.
Estado paga mal e tarde
Com um corpo activo de mais de 80 bombeiros e uma recruta de 15 elementos, é no conseguir profissionais a tempo inteiro que reside a grande preocupação de Mário Bruno. “Torna-se cada vez mais difícil angariar profissionais, porque mesmo sendo das corporações com melhores condições financeiras e de contrato na nossa região, é complicado conseguir bombeiros. Foi uma carreira que foi ficando descredibilizada ao longo dos anos, também devido aos perigos que acarreta e agora nota-se muito essa dificuldade no recrutamento”, regista o comandante.
A AHBVC tem cerca de duas dezenas de funcionários, “o que para a realidade alvaiazerense é quase uma média empresa”, assinala Mário Bruno, salientando a necessidade do cumprimento dos compromissos financeiros para com colaboradores e fornecedores, mas “é cada vez mais difícil porque o Estado, a nossa principal fonte de receita, não cumpre connosco”.
“Trabalhamos para o Estado e o Estado não nos paga, e quando paga, paga mal. Por exemplo, ainda não recebemos o pagamento das facturas de Maio de 2023 referentes ao transporte de doentes não urgentes. Assim torna-se tudo muito mais difícil”, reforça.
Vale à corporação os peditórios pelo concelho e o tradicional cortejo de oferendas, bem como o apoio do “parceiro principal”, o Município de Alvaiázere que “tem estado sempre ao nosso lado”. “Se o presidente da Câmara não fosse sensível aos nossos pedidos, tudo seria ainda mais difícil, senão impossível”, frisa o comandante.
Mário Bruno não desiste do propósito de ver a associação com uma unidade local de formação, projecto que “não se consegue fazer em um ou dois anos, mas espero que quando sair do cargo que ocupo seja uma realidade na minha corporação, para que possamos ser uma referência na região no aspecto da formação”.
No próximo domingo (17), o programa das comemorações do aniversário têm início pelas 8h30, com o toque da sirene, seguido do hastear da bandeira com guarda de honra. Para as 10h15 está marcado o desfile apeado e da Fanfarra pelas ruas da vila, com posterior homenagem a bombeiros e directores já falecidos. A partir das 11h15 será inaugurado o salão nobre, terá início a sessão solene e a tradicional entrega das condecorações a bombeiros, bem como a bênção da nova viatura. As festividades terminam com o almoço convívio para bombeiros e convidados.
Entretanto, a AHBVA vai a votos para os órgãos sociais a 22 de Março, devendo Joaquim Simões manter-se na liderança da instituição.
Princípio do fim?
Se as corporações de bombeiros voluntários, “como já se fala nos bastidores”, deixarem de ter a seu cargo o transporte de doentes não urgentes, “por vontade das novas organizações” na esfera do Ministério da Saúde, o comandante Mário Bruno teme que seja “o princípio do fim dos bombeiros enquanto associações criadas para servir as populações, porque sem essa receita é impossível haver capacidade de gerir, de honrar os nossos compromissos”.
“Espero que quem tem a responsabilidade de decidir o faça tendo isso em conta”, refere, sinalizando que a preocupação é comum a “todos os meus companheiros que lutam pelas suas corporações de norte a sul do país”. “Infelizmente, vivemos tempos difíceis e, portanto, a nossa angústia é permanente, os bombeiros não vivem o melhor período da sua história a nível nacional”, lamenta.
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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