O Centro de Actividades e Capacitação para a Inclusão (CACI) de Alvaiázere iniciou um projecto de parceria com o Agrupamento de Escolas local inserida nos domínios dos Direitos Humanos, Igualdade de Género e Voluntariado e que tem por objectivo o desenvolvimento das competências de informática, leitura e escrita de alguns utentes daquele centro, sendo dinamizado por alunos do 12.° ano.
“Desde que a pandemia começou a dar-nos algumas tréguas que tentamos que os nossos utentes estejam mais envolvidos com a comunidade e com aquilo que nos rodeia. E nesse sentido desenvolvemos este projecto, também no seguimento de outras colaborações que temos tido com o Agrupamento de Escolas de Alvaiázere”, explica Carla Silva, directora técnica do CACI.
A primeira sessão/oficina, de desenvolvimento de competências básicas, como escrever ao computador, começar a ler ou a escrever, decorreu no passado dia 8 e “foi um primeiro contacto muito agradável, quer para os nossos utentes, que adoram receber pessoas, quer para os alunos”.
“Para uma sociedade verdadeiramente inclusiva ainda temos um longo caminho a percorrer e esta interacção é muito importante. Até para os jovens perceberem que apesar dos nossos utentes serem portadores de alguma deficiência ou limitação, conseguem perfeitamente ter capacidade de competências para desenvolver uma série de actividades que se calhar não tinham essa ideai de que eles seriam capazes”, sublinha a responsável ao TERRAS DE SICÓ.
Cada sessão envolve cerca de uma dúzia dos 30 utentes do CACI, que vão rodando durante a execução do projecto.
O CACI pretende continuar a desenvolver parcerias com instituições locais, à semelhança das existentes com a Câmara Municipal e que tem permitido desenvolver actividades na biblioteca municipal, no museu ou na piscina coberta.
Integração na comunidade
O CACI e o Lar Residencial da Associação da Casa do Povo de Alvaiázere arrancaram há quatro anos, na fase difícil da pandemia de covid-19.
“Tivemos os dois primeiros anos muito condicionados, muito fechados na instituição, mas mesmo assim conseguimos interagir sempre com o exterior, com recursos às novas tecnologias. Depois disso, o nosso objectivo passou a ser ir ao encontro da comunidade e é isso que procuramos fazer”, realça Carla Silva, apontando a um balanço “muito positivo” do tempo passado, num percurso é de “enormes vitórias”.
A directora técnica admite que os tempos obrigaram a “readaptações”, porém, “os objectivos que tínhamos traçado no início estão a começar a surgir, temos projectos de inclusão, de inserir os nossos utentes em actividades fora da instituição e isso é uma enorme mais-valia”, reforça.
Uma candidatura bem sucedida ao prémio Capacitar BPI/Fundação la Caixa, a concretização de colónias de férias junto ao mar e um espectáculo realizado em Dezembro passado, “onde mostrámos as nossas actividades”, são objectivos “muito interessantes” já concretizados, a que se junta um não menos importante “bem-estar físico e emocional” dos utentes com as actividades desenvolvidas.
O CACI tem utentes dos 20 aos 67 anos de idade, “portadores de diferentes graus de deficiência”, e a lotação máxima da sua capacidade esgotada.
“É um desafio diário. Mesmo que consigamos atingir os objectivos, temos sempre de pensar mais à frente, fazer outras coisas, porque não podemos cair na monotonia de deixar que a instituição fique parada”, frisa Carla Silva, empenhada em “planear fazer coisas diferentes que também tragam ânimo aos nossos utentes e o reconhecimento da própria sociedade, onde queremos que se sintam integrados”.
Para a directora técnica, é importante “colocar alguns dos utentes a conseguirem desenvolver actividades na comunidade, inseri-los em actividades socialmente úteis, para que sintam que são capazes de o fazer e a comunidade os aceita”. É este o desafio do presente e do futuro.
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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