Tailândia, Marrocos, Ucrânia, India e Argélia são alguns dos países de origem dos 17 imigrantes que já passaram, desde meados do ano passado, pela Estrutura de Acolhimento Temporário para Imigrantes, localizado no concelho de Ansião.
O projecto resulta de um protocolo entre a Segurança Social, que financia, e a Santa Casa da Misericórdia de Ansião (SCMA), celebrado a 23 de Junho do ano passado, e localiza-se na Lagarteira, num imóvel propriedade daquela instituição. “Para já a capacidade é de sete pessoas em simultâneo”, no entanto “gostaríamos de alargar o número de vagas para 20 ou 25 ocupantes”, revela Filomena Valente, provedora da SCMA, enquanto explica que “a Estrutura está inserida numa propriedade com cerca de 11.000 metros quadrados” o que “permitiria o aumento do número de vagas, sem se perder a ligação de proximidade que estabelecemos com estes imigrantes”.
De acordo com a responsável, “o projecto arrancou com o propósito de acolher refugiados ucranianos, no entanto, já recebemos, também, vítimas de tráfico humano, e trabalhadores em situação de exploração laboral, provenientes de outros países”. Pessoas que descreve como “muito humildes e afáveis”, que acabam por “enriquecer a aldeia da Lagarteira”, não só a nível económico, “porque acabam por frequentar o minimercado ou o café local”, mas também porque “convivem com os residentes” permitindo assim “um bom enquadramento com a sociedade”.
Além das instalações, a SCMA fornece alimentação e serviço de limpeza das instalações aos residentes, mas há mais… “fazemos um acompanhamento de grande proximidade, através das nossas assistentes sociais e operacionais” da instituição, que estão “disponíveis sete dias por semana, 24 horas por dia para acompanhar estes refugiados naquilo que são as suas necessidades”, e que visitam diariamente o alojamento.
Para além disso, a instituição também “apoia naquilo que são os processos de legalização, procura de emprego e integração social”. Aliás, Filomena Valente dá conta de que “somos muito críticos e rigorosos no que diz respeito, por exemplo, à contratação destas pessoas: ajudamos a analisar os contractos de trabalho ou a perceber se, efectivamente estão a receber o ordenado que lhes foi ‘oferecido’”.
A responsável dá conta de que “tanto a Junta de Freguesia de Ansião, como a própria Câmara Municipal, têm tido um papel importante na integração destes imigrantes, dando-lhes trabalho e uma remuneração mensal”, fundamental para “permitir que estas pessoas se venham a tornar autónomas”, destaca.
Considerando que “é um trabalho que não é fácil, até porque a equipa tem de estar bastante atenta, considero que é um trabalho muito gratificante”, no sentido em que “se criam ligações (quase) familiares”. Filomena Valente revela que “há pessoas que passaram pela Lagarteira e que já foram embora, mas que continuam a ligar à nossa coordenadora do projecto, e assistente social, Anabela Marques, para lhe contar as vitorias que vão alcançando”, e isso “é mesmo o que nos move e nos faz querer fazer mais por estas pessoas, que passaram por situações de grande dificuldade e que estão agora a conseguir ultrapassar esses obstáculos”.
Actualmente o Centro de Acolhimento alberga seis utentes, entre eles um jovem “argelino, licenciado, que acabou por assumir as funções de ajudante de coveiro, e que está muito bem integrado na comunidade”. Para o futuro, “esperamos conseguir apoiar mais pessoas em situação vulnerável, proporcionando-lhes um aumento na qualidade de vida”.
ANA LAURA DUARTE
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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