O monólogo “O tamanho das coisas”, sobre uma viagem de barco a remos entre Portugal e os Açores interpretada por Paulo Azevedo, é estreado pela Terra Amarela no dia 24 de Novembro em Pombal.
O novo espectáculo tem direcção de Marco Paiva, texto de Alex Cassal e Paulo Azevedo em palco, ele que foi o primeiro actor nacional com deficiências a integrar um elenco de ficção televisiva portuguesa.
“Já fiz novelas, cinema, outras peças de teatro e este é o maior desafio, sem dúvida, em todas as escalas”, disse o actor à agência Lusa, numa pausa nos ensaios que decorrem na Casa Varela – Centro de Experimentação Artística, em Pombal.
“O tamanho das coisas”, explica Alex Cassal, é sobre um homem que parte sozinho num barco a remos em direcção aos Açores, porque “a meio do caminho da vida adulta começa a questionar todas as escolhas afectivas, profissionais e existenciais” e persegue “um desafio diferente”.
“Numa altura da viagem, ele perde um dos remos, que fica ali bastante pertinho do barco. Se ele sair do barco e for buscar o remo, o barco vai embora com as correntes; se não for buscar o remo, não chegas ao teu destino”, antecipa Paulo Azevedo.
Para o actor, o espectáculo simboliza “uma existência posta em causa, a importância que dás aos desafios, as frustrações, passa ali tudo…”, resultando em “reviravoltas inesperadas” que tornam a peça “bastante divertida”.
“Há coisas a que nós damos demasiadas importância, há outras que damos menos, e às vezes as coisas mais simples são aquelas que valem mais”, salienta.
Depois de ter trabalhado com a Terra Amarela em 2021 numa co-produção com o Teatro Nacional em “Calígula morreu. Eu não”, a estreia neste monólogo é “um desafio que tem sido tremendo” e “muito gratificante”.
O texto foi escrito a pensar no actor que nasceu sem mãos e sem pernas, conta Alex Cassal, mas não na perspectiva da deficiência. “O Paulo tem “um domínio muito grande do corpo e da palavra” e, em palco, apresenta “ferramentas privilegiadas como actor, performer e artista físico”.
É isso que o dramaturgo explora, colocando-o “nas aventuras mais rocambolescas” e “situações impossíveis”, criadas com recurso à “imaginação mais descabelada”, reconhece Cassal, que provoca o intérprete para descobrir “como esse actor lida com essas situações”.
Mas, frisa, “é um texto que podia ser feito por qualquer outro actor”, algo que Paulo Azevedo também fez questão.
“Eu tenho as minhas palestras que têm tudo a ver com a minha condição, onde isso já é inerente. E eu não queria que isso [a deficiência] passasse para palco, apesar de eu estar sem as próteses”. A intenção é “as pessoas também perceberem que sim, que sou ator, e não é só aquela condição física que me caracteriza”.
“O tamanho das coisas” importa, antes de mais, pela mensagem.
“Há uma parte do texto em que não conta a dimensão dos problemas, mas sim a forma como tu lhes dás a volta. Como tu tentas arranjar soluções, e não culpados, e isso é um bocadinho também da minha história, claro”.
“O tamanho das coisas” inicia no Teatro-Cine de Pombal, com duas apresentações nos dias 24 e 25 de Novembro, as primeiras datas de uma digressão que vai durar um ano e que vai passar, a partir do início de 2024, por 15 cidades, entre as quais Estarreja, Condeixa, Santa Maria da Feira, Paredes de Coura e Leiria.
Lusa
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