A Sociedade Interbancária de Serviços, SA (SIBS) é um dos principais processadores de pagamentos na Europa, e em Portugal detém o monopólio da gestão das Redes Asynchronous Transfer Mode (ATM), Caixas e Terminais de Pagamento Automático (TPA). Com base nos dados disponibilizados por esta entidade sobre as operações de pagamentos electrónicos e em numerário realizadas com cartões bancários nas caixas e TPA pretende-se identificar quais os concelhos das Terras de Sicó que, em 2021 e 2022, maior volume financeiro movimentaram, o valor médio de cada transacção interbancária, os sectores onde os pagamentos são realizados de forma mais digital, bem como identificar os países estrangeiros que mais consomem neste território.
Os dados da SIBS Analytics sugerem que, em 2022, o consumo na Região das Terras de Sicó cresceu 16% face ao período homólogo. Durante o ano 2022 movimentaram-se na Região, através de pagamentos electrónicos e em numerário, cerca de 857 milhões de euros, tendo os residentes portugueses contribuído maioritariamente (95%) para este valor. De referir que, em 2022, a totalidade de pagamentos realizados em Alvaiázere sofreu uma variação positiva de 24% face ao ano anterior. Assim, o aumento, em termos percentuais, mais expressivo de dinheiro a circular na economia de Sicó, entre 2021 e 2022, observa-se no concelho de Alvaiázere. Nos restantes concelhos, regista-se igualmente uma variação positiva dos pagamentos, e, portanto, do consumo, que ascende a mais 18% em Penela, mais 16% em Pombal, mais 13% em Soure e Condeixa e mais 12% em Ansião.
Quando se neutraliza o efeito da dimensão de cada concelho, conclui-se que o montante de pagamentos por habitante regista o maior valor em Pombal (9.156,28 €), seguido de Condeixa (7.541,98 €), Alvaiázere (7.258,71 €), Ansião (7.247,25 €) e Penela (7.036,56 €). Em 2022, Soure assume-se como o concelho onde o volume de pagamentos por cada um dos seus habitantes é menor (5.450,65 €). Não obstante, em termos absolutos, Pombal assume-se como o concelho do território de Sicó que apresenta o maior volume de pagamentos (468.600 000 €), e por isso de consumo, seguido de Condeixa onde o valor ascende a 126.200.000 €. Os dados sugerem ainda que em Penela o montante de consumo, em 2022, foi de 38.300.000 €, fazendo com que, em termos absolutos, seja neste concelho que se registe o menor montante de transacções interbancárias das Terras de Sicó.
Em 2022, o consumo realizado em Sicó com cartões estrangeiros foi efectuado essencialmente (92%) por turistas europeus: França (61%), Luxemburgo (8%), Reino Unido (5%), Suíça e Espanha (4%). Nos concelhos de Alvaiázere, Ansião e Penela os pagamentos com cartões estrangeiros provêm essencialmente de França e Reino Unido. O top 2 de países estrangeiros que realizam transacções em Condeixa, Pombal e Soure é França e Luxemburgo. Se compararmos com o ano 2021, constata-se que os pagamentos com cartões registados no Brasil foram os que sofreram a variação positiva mais expressiva em Sicó (+568%), com excepção de Condeixa e Pombal, que vêem o volume de pagamentos provenientes de Áustria (+ 1.960%) e da Eslovaca (+ 2.975%) a assumir a maior variação, respectivamente.
O valor médio, em 2022, por cada operação na Região de Sicó foi de 57 euros, com as operações realizadas por pagamento electrónico a registarem um valor médio de 46 euros e de 91 euros para as operações em numerário. De realçar que, em 2022, apesar de nos seis territórios de Sicó os pagamentos electrónicos serem superiores às operações em numerário, só em Penela se atinge o patamar da média nacional (67%). Numa análise concreta aos diversos sectores de actividade económica, conclui-se que o sector do Retalho, nomeadamente dos hipermercados, é o que regista os maiores volumes monetários associados a pagamentos electrónicos em todos os concelhos da Região, à excepção de Alvaiázere e Penela. Nestes dois últimos, o sector das gasolineiras e indústrias transformadoras são os que registaram maiores volumes de pagamentos electrónicos. Note-se que, em relação a 2021, em todo o território de Sicó o sector das telecomunicações e utilities foi o único que registou quebras ao nível dos pagamentos via electrónica, o que demonstra a adopção, cada vez mais frequente e vincada, dos agentes económicos a formas de pagamento digitais ao invés de recorrer a dinheiro físico.
O presente artigo expõe um conjunto de dados que se assumem pertinentes pela possibilidade de caracterizar a realidade de consumo da região, a juntar o facto de os mesmos terem sido recentemente divulgados pela SIBS.
Liliana Marques Pimentel – Professora universitária na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Anobra (Condeixa)
Ricardo de Carvalho Joaquim – Licenciado em Economia, mestre em Contabilidade e Finanças na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e professor na Escola Tecnológica e Profissional de Sicó. Residente em Alvaiázere.
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