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Pombal: Laboratório académico faz validação científica das actividades para idosos

22 de Setembro 2023

Um laboratório académico em Pombal está a fazer a validação científica das actividades para idosos, integrado na Associação Internacional de Universidades da Terceira Idade (AIUTA Academy), coordenada pelo Politécnico de Leiria.

“Durante muitos anos foi desenvolvido um conjunto de actividades para pessoas com mais idade, mas quando tentamos entender a validade dessas actividades, muita das vezes, recaem num pressuposto de que não passam mais do que uma ocupação do tempo”, constatou à agência Lusa o docente do Politécnico de Leiria Ricardo Pocinho, que nos próximos dois anos coordena a AIUTA Academy.

O também presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social (ANGES) salientou que, “quando as pessoas têm mais idade, não é boa ideia ocupar-lhes o tempo de qualquer maneira, porque também elas têm uma sensação clara que o tempo que passou e aquele que resta é muito menor do que é aquele que já viveram”.

Este projecto conjunto do Politécnico de Leiria, ANGES e Município de Pombal levou à criação de “um laboratório de estudos sobre o envelhecimento”, em Janeiro, a funcionar no Núcleo de Formação do Politécnico de Leiria, em Pombal.

“Prevenção da reserva cognitiva, a partir do estímulo cognitivo, daquilo que é a capacidade psicológica de cada um de nós de lidar com a adversidade, com a idade, com aquilo que são as perdas cognitivas de memória; relação emocional, que vamos perdendo, trabalhando em conjunto essas características que vamos perdendo ao longo da vida através de pressupostos como a criatividade, a música, as actividades lúdicas, as actividades plásticas, e a manutenção da mobilidade e da funcionalidade adaptada” são algumas das áreas trabalhadas.

Ricardo Pocinho sublinhou que cada utente tem a sua história, pelo que são orientados individualmente nas suas limitações e potencialidades.

“Trabalhamos com uma filosofia baseada num protocolo de fragilidade, tentando alterar, minimizar, reduzir e aniquilar a fragilidade psicológica, em saúde e social. Temos tido excelentes resultados. Temos hoje pessoas que conseguem fazer um conjunto de tarefas mais alargadas do ponto de vista da mobilidade, da funcionalidade, das tarefas da vida diária, que dizem que não o faziam”, constatou.

E esta percepção é medida. “Quando falamos em força ou equilíbrio trazemos um instrumento e tentamos perceber efectivamente se têm mais força do que aquela que tinham quando chegaram”, precisou.

O laboratório vai “validar experiências”, mas também permitirá alterar actividades: “Estamos a trabalhar em documentos de referência para todas as universidades que integram a AIUTA e seremos nós que forneceremos aos outros as fichas que permitem que cada uma das actividades sejam de alguma forma construídas com base num modelo de medição do impacto dessa actividade”.

Será também a academia portuguesa que irá criar, a partir de Outubro, “um conjunto de formações nas mais diversas línguas”, pois, referiu Ricardo Pocinho, “para educar, formar ou aconselhar idosos parece que basta apenas existir e ter algum jeito para falar com pessoas”.

“Queremos criar currículo, conteúdos e validá-los para depois disseminar pelos outros. Também criar aqui uma projecção no sentido de formar dirigentes, professores, monitores, disseminadores de actividades ou mediadores, para que estejam preparados para trabalhar com este tipo de população”, insistiu.

Dos 30 utentes iniciais, esta academia de Pombal tem já 94. “Queremos crescer. Há até uma proposta para a criação de um campus educativo sénior de toda a região do Sicó, envolvendo os seis municípios”, revelou Ricardo Pocinho.

O investigador acrescentou que pretende ainda “estender este laboratório, pela ligação do Politécnico de Leiria em colaboração com ANGES e com a AIUTA, a toda a região, pelo menos da CIM [Comunidade Intermunicipal] de Leiria e também toda a região do Oeste”.

Atribuída por um período de dois anos, Pombal é a primeira sede internacional da AIUTA, coordenada pelo projecto português.

A AIUTA nasceu em 1973, com a criação da primeira universidade sénior pelo professor Pierre Vellas, em Toulouse, França, que, “na sua aposentação, resolve criar um projecto para se manter ligado à academia”.

O projecto mundial tem 10 milhões de participantes em todo o mundo ligadas a projectos universitários. “Queremos criar aqui um currículo para que as pessoas não se sintam, durante toda a sua vida, excelentes alunos, mas não passam da primeira classe”, rematou.

Lusa


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