As eleições presidenciais serão em 2026, mas já vão dando que falar com vários posicionamentos de todo o espectro político. Alguns mais tácticos, outros mais genuínos e sem evitar as questões mais ou menos explícitas. Sabemos que no nosso regime político, o Presidente da República pode ter um papel determinante nalgumas políticas estratégicas, pode equilibrar emoções e agendas mais radicais, o que num País como Portugal, pode não ser pouco nem de menor importância. Sabemos como somos pouco dados a grandes mudanças, mesmo que estejamos muito necessitados, sabemos também como precisamos de actores políticos exemplares e que sejam referenciais na vida social e política.
Já tivemos vários tipos de Presidentes cujas actuações deveremos sempre julgar em função do quadro social e político dos seus mandatos. Já tivemos perfis que pela sua seriedade, eram o garante do equilíbrio do regime, outros perfis demasiado políticos e interventivos, mas nunca tivemos um perfil que gerasse um ambiente de mudança no “status” do Estado. Cinquenta anos depois do fim da ditadura, talvez, a “nova” figura do Presidente da República devesse ser a do agente equilibrado da reflexão da mudança num País que vai ficando para trás, a cada ano, no grupo da União Europeia.
Em qualquer caso, daqui até às eleições presidenciais, haverá eleições europeias, em 2024, eleições autárquicas, em 2025, o que implicará ou não (também) mudanças na vida do governo e de vários partidos políticos, nomeadamente no PSD. Não sabemos o que se irá passar, pelo que tudo o que se possa dizer, hoje, é especulação para alimentar uns meses de fim de Verão, sem notícias de relevo. Foi sempre assim. Em pequenos gestos e palavras, vêem-se coisas e alimentam-se debates políticos de sofrível entretenimento até ao próximo “caso” do Governo ou de outra figura qualquer.
O Governo, por sua vez, precisa de fazer um 2024 em grande, sabendo que fazer umas “ofertas” pontuais e desgarradas, estas vão ser sempre interpretadas como actos isolados de pré-campanha eleitoral que não levam a lado algum. Mas, cada vez mais, o Governo sabe que o Povo sabe identificar o que é sério e estrutural. Não digo que esta sabedoria venha da evolução da percepção política que a generalidade dos cidadãos possui, mas vem seguramente da exaustão que as pessoas sentem. Há cada vez menos espaço para malabarismos, o que até tem deixado o Governo nervoso.
Julgo que estamos a entrar numa daquelas fases em que as pessoas vão desejar mudança, desde que identifiquem capacidade nos políticos que a pretendem realizar. Por estas razões todas, ainda vai passar muita água debaixo da ponte até aparecerem os principais protagonistas das eleições para Belém.
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