As taxas de juro voltaram a sofrer um aumento de 0,25 pontos base, permitindo que a taxa directora atinja os níveis de 4,25%. Este novo aumento situa a Europa na sétima posição do ranking das economias desenvolvidas, devido às taxas de juros mais elevadas.
Em virtude das taxas de juro excessivas, o mês de Julho registou uma redução das taxas de evolução de inflação (5,5%) e uma queda na procura de crédito mantendo os bancos o stock de empréstimos já efectuados, inclusive os empréstimos de famílias para compra à habitação.
A decisão da subida das taxas de juro advém da preocupação com a taxa de inflação que, apesar da sua redução, ainda se mantém em níveis bastante elevados, por mais alguns trimestres, relativamente aos níveis ideais, segundo o BCE (2 a 3%).
Os níveis da taxa directora assumem, nesta etapa, os valores mais altos verificados desde 2008, numa ascendente contabilizada ao longo dos últimos 13 meses.
À semelhança do cenário da Europa também o Banco Central do Canadá e a Reserva Federal dos Estados Unidos aumentaram os juros na mesma proporção. O Banco Central Turco e o Banco Central Russo ocupam os primeiros lugares quanto à subida das taxas de juros, com taxas de evolução de 250 e 100 pontos base, respectivamente.
Este ciclo de aumento é economicamente imprevisível, contudo, o prognóstico dos mercados indicia um novo aumento na próxima reunião do BCE (14 de Setembro de 2023).
Face às elevadas taxas de juro, a pressão política parece ter um papel cada vez mais preponderante na fixação das mesmas, uma vez que a sua redução, tendo em conta o cenário económico actual, é impossível. Porém, essa redução também não é recomendável para se alcançarem os níveis de crescimento previstos para 2024. De acordo com os dados do FMI e do BCE, a Zona Euro deverá verificar um crescimento de 1,5% (comparativamente com 0,9% em 2023) e uma taxa de inflação entre os 2,8% (FMI) e os 3,0% (BCE).
Para além da pressão política também as decisões de política monetária dos bancos centrais terão grande importância no reajuste dos níveis da variável macroeconómica, inflação.
Segundo dados do Banco de Portugal, as grandes empresas devido à sua maior robustez financeira, serão as menos vulneráveis ao aumento das taxas de juro. Relativamente aos sectores de actividade, o sector da construção e actividades imobiliárias deverá ser o ou um dos mais afectados com este incremento imposto pelo BCE.
O aumento dos custos de financiamento, um maior condicionamento quanto à capacidade de dívida e um incremento de custos generalizados associados à actividade (como matérias-primas ou energia) causam uma maior lentidão económica. A turbulência financeira sentida nas empresas nacionais atinge o valor de 1.188 milhões de euros e representa um aumento dos custos financeiros de 5,3% em relação à rubrica do EBITDA (Resultados antes dos Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações).
Face ao exposto, a nova incógnita será até quando as famílias e as empresas sobreviverem com as dificuldades acrescidas quanto a investimentos e consumos, criação de emprego e valores dos empréstimos imódicos. A história encarrega-se de nos contar que a economia é cíclica, embora imprevisível, pelo menos, até certo ponto.
José Pedro Victorino Henriques – Licenciado em Economia, mestre em Gestão pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Membro da Ordem dos Economistas.
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