O edifício que dá corpo ao Centro de Saúde de Ansião prepara-se para receber profundas obras de requalificação, a iniciar em Novembro deste ano, até lá prepara-se a transformação da Casa da Amizade, localizada na Quinta das Lagoas, para assumir esse papel enquanto decorre a intervenção.
De acordo com o presidente da autarquia, António José Domingues, “de todas as hipóteses que colocamos em cima da mesa, os profissionais de saúde entenderam que a Casa da Amizade reunia condições para acolher temporariamente os serviços”, uma vez que se trata de “um edifício completo, com várias salas, que tem alguma centralidade e boas condições de estacionamento”. Para já “estamos a trabalhar na readaptação do espaço”, para que “em Outubro se faça a transferência” e no “início de Novembro tenhamos condições para avançar com a obra”.
Ainda assim a Saúde é uma área que preocupa o executivo ansianense, e que “de uma forma geral preocupa todos os autarcas do país e toda a população”, admite António José Domingues, enquanto revela que a autarquia tem sido “confrontada com algumas dificuldades naquilo que é a prestação dos cuidados de saúde primários, porque temos falta de médicos”.
Aliás, “no concurso que terminou em Julho, onde havia uma vaga para ocupação de um médico de especialidade de medicina familiar: a vaga ficou deserta”, que no ponto de vista do autarca, “quer dizer que já não estamos a ser atractivos como eramos no passado”, o que “obriga a fazer uma reflexão profunda sobre essa situação”.
Sobre esta falta de médicos, António José Domingues revela que o concelho está na iminência de “perder mais dois médicos” que atingem o “limite de idade de trabalho e que preparam a sua aposentação”. Uma situação “muito preocupante, porque não vemos garantidas, para já, condições para repor esses médicos”, lamenta.
Sem médico de família
António José Domingues adianta que “neste momento cerca de 13% da população não tem médico de família”, no entanto, “não podemos dizer que a nossa situação seja a pior”, comparativamente a outros territórios, como na zona metropolitana de Lisboa. Ainda assim, “saindo estes dois médicos, que obviamente têm todo o direito de se reformar, estes 13% podem facilmente transformar-se em 25% ou 30%”.
Nesse sentido, “temos de criar condições para que não faltem estes cuidados de saúde primários, que são importantíssimos, às nossas populações”, não só do ponto de vista do bem-estar da população, como também “de factor de atractividade, porque as pessoas escolhem estes territórios por várias situações: uma delas é ter bons serviços quer de saúde, de educação, de oferta cultural ou desportiva”. Afinal, “se uma família quiser vir para Ansião e depois não tiver médico de família, isso poderá ser um factor decisivo para essas pessoas se radicarem noutro território”, assegura.
Para o autarca, “hoje os hospitais têm um registo muito elevado de situações que não são propriamente urgentes”, devido “a esta falta de investimento nos cuidados de saúde primários”, que faz com “as pessoas se sintam quase obrigadas a correr aos serviços de urgência”. Uma questão que “deve ser invertida”, dando “relevância à colocação dos profissionais de saúde, sejam médicos, enfermeiros, assistentes técnicos, ou operacionais, nos Centros de Saúde, porque é aí que se faz a primeira prevenção”.
ANA LAURA DUARTE
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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