Os bancos actuam como intermediários entre os diversos agentes económicos, tendo como actividade principal a troca de recursos financeiros para a aplicação de poupanças ou a obtenção de financiamento, nas melhores condições para ambas as partes. Estas instituições tendem a desempenhar um papel importante na economia de um país, existindo estudos que encontram evidência de uma relação directa entre a queda do Produto Interno Bruto (PIB) de um país e a falência dos bancos.
Pretendemos neste pequeno artigo analisar parte da realidade do sector bancário no território das Terras de Sicó, por via dos seguintes indicadores: número de agências bancárias (balcões), depósitos e crédito concedido por habitante de cada concelho, bem como o número de pagamentos efectuados em caixas de multibanco.
Em 2021, existiam 53 agências bancárias (bancos, caixas económicas e caixas de crédito agrícola mútuo) na Região de Sicó, menos 36% das agências bancárias que existiam há uma década (ano 2011). Durante esta década, em todos os concelhos da Região o número de balcões abertos ao público diminuiu, essencialmente fruto das reestruturações que o sector bancário tem vindo a sentir nos últimos anos. Pombal foi o concelho da Região onde encerraram mais balcões bancários (17). De destacar que, em 2021, o concelho de Pombal é o que detêm mais balcões bancários, 27, seguido de Condeixa-a-Nova e Ansião que possuem 7 balcões. Já Penela é o concelho que detêm a menor oferta de balcões bancários, somente 2.
Ao nível dos depósitos bancários, em 2021, são as instituições bancárias de Alvaiázere que detém mais depósitos per capita, 30.759 € por cada habitante, seguidas de Pombal com 30.416 € por habitante. Já os balcões de Soure detêm depósitos no valor de 12.420 € por habitante, fazendo com que este seja o concelho onde cada habitante constitui menos depósitos bancários. De referir que, em termos absolutos, são as instituições bancárias de Pombal e Condeixa que registam o maior volume de depósitos, 1.556.637.000 € e 373.971.000 €, respectivamente. Contrariamente ao esperado, devido ao facto de os depósitos a prazo em Portugal continuarem a ser remunerados abaixo do que seria expectável, no ano 2021 face ao ano anterior ou até há dez anos, os depósitos aumentaram significativamente em todos os concelhos da Região.
Um dos premiados com o Prémio Nobel da Economia em 2022, Douglas Diamond, mostrou que “os bancos desempenham um papel socialmente importante. Como intermediários entre os aforradores e os mutuários, os bancos estão mais bem colocados para avaliar a solvabilidade dos mutuários e assegurar que os empréstimos são utilizados para bons investimentos”.
Em 2021, os balcões bancários das Terras de Sicó concederam 926.512.000 € aos seus clientes. Comparando os valores registados no ano 2021 com os de há uma década, verifica-se que em 2021 existiu uma diminuição de 29% do crédito concedido, ao passo que se verifica um reforço de 13% face ao ano de 2020. Deste montante concedido em 2021, 57% corresponde a crédito à habitação. As instituições bancárias de Condeixa são as que concedem uma maior “fatia” do total de empréstimos ao crédito à habitação, 71%, seguidas das instituições de Alvaiázere, com 60% e Soure com 58%. Apenas, nos bancos de Ansião e Soure o crédito concedido não tem como fim maioritário a aquisição de habitação (47%).
Em 2021, os clientes dos balcões bancários de Pombal foram os que, em média, mais crédito receberam, 12.168 € por habitante. Os balcões em Ansião, Alvaiázere e Condeixa registaram valores de crédito por cada habitante no seu concelho de 8.681 €, 6.852 € e 6.246 €, respectivamente. Já em Soure, as instituições bancárias concederam os menores valores de crédito concedido per capita durante este período, em média, 3.221 €. Tal traduz que na Terras de Sicó o valor de crédito concedido per capita se cifre em 7.434 €, valor inferior à média nacional que atinge os 22.160 €.
Atendendo ao indicador relativo aos pagamentos por habitante efectuados nas caixas multibanco, constata-se que em 2021 é nos concelhos de Ansião e Alvaiázere que a população paga, em média, mais vezes as suas contas através dos ATM da rede multibanco: 6,8 e 6,2 vezes, respectivamente. Nos restantes concelhos cada habitante recorre aproximadamente 5 vezes à rede de caixas multibanco para efectuar pagamentos. Estes valores correspondem, em média, a cerca do dobro das vezes que a rede ATM era utilizada em 2011, nos referidos concelhos, fruto da digitalização da banca e utilização da tecnologia no dia a dia dos indivíduos.
Estes são alguns indicadores que permitem caracterizar o contexto bancário da região e que reflectem a evolução da banca e o seu papel de intermediação entre os diversos agentes de uma economia.
Nota: Este estudo foi realizado com base em dados recolhidos do site PORDATA.
Liliana Marques Pimentel – Professora universitária na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Anobra (Condeixa)
Ricardo de Carvalho Joaquim – Licenciado em Economia, mestre em Contabilidade e Finanças na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra e professor na Escola Tecnológica e Profissional de Sicó. Residente em Alvaiázere.
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