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Soure: Espanhóis avançam com prospecção mineira no concelho

23 de Julho 2023

Está assinado e anunciado o contrato entre o Estado e a Clariant Iberica Producción que permite à empresa espanhola a prospecção e pesquisa de depósitos minerais de caulino e outros minerais associados na área denominada de Monte Vale Grande, atingindo as freguesias de Alfarelos, Figueiró do Campo, Granja do Ulmeiro e Vila Nova de Anços, no concelho de Soure, e uma reduzida parte da freguesia de Ega, no concelho de Condeixa.

Há três anos, em Agosto de 2020, o TERRAS DE SICÓ noticiou a intenção dos espanhóis em ‘voltar à carga’ com o pedido de atribuição daqueles direitos, depois de um parecer desfavorável da autarquia para uma área de pesquisa de quase 20 km2.

Na altura demos conta de que a Clariant Iberica Producción, S.A. admitia reformular o projecto, diminuindo a área de pesquisa e tal veio a confirmar-se. A redução é muito significativa, recuando de 19,386 km2 para 6,180 Km2 e poupando essencialmente a freguesia de Soure.

Alagoas, Casal do Redinho, Figueiró do Campo e Ribeira da Mata são os principais núcleos habitacionais circundantes da nova delimitação, sendo a restante área composta por mancha florestal e vegetação naquelas freguesias.

Em 2019, a Câmara de Soure deu parecer desfavorável à intervenção por não concordar que “uma área tão grande do município fique sob reserva para uma actividade de exploração mineira”. O parecer não tinha tem carácter vinculativo, mas perante a deliberação a empresa da Catalunha não avançou com o processo naqueles moldes.

A área de prospecção foi diminuída e o contrato assinado em Maio passado e publicado pela Direcção-Geral de Energia e Geologia, em Diário da República, na semana passada.

A autarquia de Soure, garante o presidente Mário Jorge Nunes, não foi consultada sobre a nova proposta. “Não fomos consultados para esta proposta que o governo concessionou, não nos pronunciámos sobre ela, e mesmo que a pronuncia não fosse vinculativa, repudiamos a iniciativa e a forma como foi feita, sem nos consultarem”, lamenta o edil.

A posição de rejeição ao projecto, todavia, mantém-se. “Mesmo tendo baixado a área, mantêm-se os pressupostos da recusa da abordagem inicial”, afirma Mário Jorge Nunes, que dá como exemplo a zona de captação de água.

“As captações de água de São Pedro e Santilhana, que abastecem a zona norte do concelho, no caso, as freguesias de Alfarelos, Granja do Ulmeiro e Figueiró do Campo, num total de cerca de 4.500 pessoas, estão na zona de implementação da prospecção e pesquisa, e essa é uma das razões fundamentais para contestarmos a intenção”, explica o autarca.

A fase de prospecção e pesquisa caracteriza-se por diversas operações que visam a descoberta de depósitos minerais e a determinação das suas características até à revelação da existência de valor económico. A empresa de Barcelona assegurava já em 2019 que os trabalhos terão um impacto ambiental muito reduzido, resultante da realização de sondagens e da abertura de acessos, mas é a etapa seguinte, caso se confirme a viabilidade económica do projecto, que continua a causar maior preocupação: a concessão para a exploração dos recursos minerais.

O concelho de Soure volta, assim, a debater-se com a temática dos caulinos, depois de há menos de uma década ter conseguido ‘travar’ a concessão de exploração prevista para uma área de 400 hectares na zona de Bonitos.

Mário Jorge Nunes anuncia, para as próximas semanas, sessões nas localidades que se prevê venham ser afectadas, “a incitar as pessoas a estarem contra porque o município também está contra”.

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]


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