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PAULO JÚLIO

Ensaio de Verão

21 de Julho 2023

É Verão. Poderíamos analisar o quotidiano de um país onde as instituições ainda têm, da justiça à política, muito que reflectir sobre o caminho a percorrer, mas não vale a pena ir por aí. Vale mais a pena reflectir sobre a sociedade, a cidadania, a educação na escola e na família, pensar sobre a nossa ambição enquanto povo, e, finalmente, concluir que, talvez, a degradação de algumas instituições é a consequência de algo mais profundo do que “simplesmente” afirmarmos que a “culpa é dos políticos” ou que as instituições da justiça se comportam de forma bizarra e, elas próprias, cometem ilegalidades. Porquê? Estamos satisfeitos? Se não estamos porque é que achamos sempre que, apesar de tudo, “é melhor ficar como estamos”? Como é que devemos aumentar a literacia política sobre o que é o Estado? Qual é o papel da sociedade, das empresas e das instituições? Como vamos criar mais riqueza, para além dos discursos inflamados? Que perfil queremos para o nosso Presidente de Câmara ou para o nosso Primeiro-Ministro? O mais simpático e atencioso ou o mais competente que possa acrescentar valor e inspirar pessoas? Qual deverá ser o nosso papel como cidadãos? Dizer mal de tudo e de todos, ou fazer críticas estruturadas para ajudar a criar alternativas e melhorar o que tiver de ser melhorado, nas nossas terras, cidades e território? Qual é o papel da escola e o papel da família, na criação de princípios de exigência, rigor, disciplina, integridade, solidariedade e, naturalmente, de tolerância? Poderia formular mais algumas dezenas de questões que, certamente, poderiam ser úteis à reflexão sobre a pergunta final: Que Portugal queremos? Que instituições queremos, que Estado queremos e que políticos queremos? É Verão. Constato que há uma parte do País e de pessoas com exposição mediática que não querem mudar, apesar de dizerem que sim, que se deve mudar. Sinceramente, acredito que haja alguns casos em que existe realmente vontade de mudar, mas depois não o conseguem fazer por incompetência ou por falta de perfil pessoal e profissional. Talvez seja isso o “nacional porreirismo” de que todos gostamos. Não sei o que é. Mas, constato que a mediocridade vai tomando conta dos espaços vazios porque todos os espaços se vão ocupando. Habituamo-nos e passamos a não estranhar. Isso é mau porque não nos dá futuro. Como é Verão, aproveitemos alguns dias de algumas férias ou de algum tempo livre, e leiamos um livro. Um livro também é uma viagem. Não nos dá o mesmo sol das Caraíbas, mas talvez nos dê um pedaço do “mundo” que nos está a faltar para sermos melhores, mais sensatos, mais rigorosos, apesar das imensas dificuldades que nos impõem.


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