Portugal está a transformar-se num país de diversão política. Ganha o Ricardo Araújo Pereira porque não tem de puxar muito pela criatividade para compor um programa, que nos faz rir à gargalhada, sobre o ridículo que as mais altas figuras do Estado fazem diariamente. A política quotidiana resume-se “ao safe-se quem puder” e a alguns momentos dedicados ao famoso PRR de “salvação nacional”. Do lado de todos nós, vamos desejando que tudo isto passe depressa, que António Costa ainda tenha força para chamar gente competente e de referência na sociedade de modo que, como dizia o outro, ainda possa terminar o mandato com dignidade. E Portugal? E o futuro? E os nossos filhos e netos? Quem é que se importa com o facto de Portugal ser um dos países do mundo com menor taxa de natalidade? Quem é que se importa com o facto da maioria dos nossos jovens não vislumbrar futuro profissional com salários que lhes permitam viver, pelo menos, tão bem como a geração dos seus pais? Quem se importa com o facto de Portugal caminhar para a cauda da Europa da União monetária, na riqueza criada per capita? (aqui vai haver um “adepto” do partido do governo que vai pensar que, em 2023, Portugal vai crescer quase o dobro da média da UE, esquecendo-se que a previsão geral para 2024 é que Portugal tenha um dos crescimentos mais anémicos da Europa). Quem se importa com a estratégia da agricultura, com a falta de água no presente e no futuro, sobretudo nas regiões do Alentejo e Algarve? Quem se importa com uma estratégia decente, corajosa e estruturante para a floresta portuguesa, sem ser em reacção a incêndios do Verão? Quem se importa em reestruturar a justiça de modo que os processos não prescrevam e que os cidadãos sintam verdadeiramente que o edifício da justiça é realmente justo? Quem se importa com o facto dos prazos de marcação de uma simples consulta de especialidade ou de uma cirurgia no SNS, poderem demorar muitos meses senão anos? Quem se importa de sermos os cidadãos europeus que mais pagam impostos, taxas, portagens de auto-estrada, etc., deixando mais de metade da riqueza criada ao Estado que enterra milhares de milhões em nacionalizações de empresas e que se “nega” a reformar o Estado? Ou seja, o que nos parece a todos, é que ninguém se importa a não ser que se importe em “safar-se”. É falta de esperança, apesar do facto de nos irmos rindo com isto tudo!
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