As Jornadas “Vida saudável depois do cancro”, organizadas pelo Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRC.LPCC) e Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), no âmbito do projecto europeu OACCUs – Outdoor Against Cancer Connects Us, contaram com a presença de quase duas centenas de participantes, numa iniciativa onde se desmistificou a doença evidenciando que é possível ter uma vida saudável após o cancro.
Jovens sobreviventes de cancro e familiares, profissionais de saúde, investigadores, psicólogos, nutricionistas e estudantes, marcaram presença no Auditório do Hospital Pediátrico de Coimbra, no passado sábado (15), local onde decorreram as Jornadas e se realizaram quatro mesas-redondas em alusão aos quatro pilares do projecto, sob as denominações: “Bem-estar psicológico”; “Nutrição e Cancro”; “Dar voz aos sobreviventes e cuidadores”; “Actividade física e cancro”. Além destas, teve, ainda, lugar a realização de dois workshops (um sobre práticas de mindfulness e outro de prática de exercício físico ao ar-livre) e um showcooking de alimentação saudável, além de um momento musical surpresa protagonizado por um sobrevivente de cancro e a sua banda.
Ao longo do dia, o painel de oradores e moderadores multidisciplinar procurou desmistificar as doenças oncológicas, sublinhando que o diagnóstico da doença não é uma “sentença de morte”. Aquando da realização das duas primeiras mesas-redondas – sobre o bem-estar psicológico e sobre a nutrição -, foram tratadas temáticas concernentes aos desafios de adaptação na sobrevivência ao cancro e frisado que a promoção do bem-estar psicológico na doença oncológica ajuda na diminuição do distress. Neste sentido, foram, ainda, revelados alguns dos mitos sobre a alimentação e cancro e sublinhada a alimentação recomendada para o sobrevivente de cancro.
Por sua vez, a terceira mesa-redonda – “Dar voz aos sobreviventes e cuidadores” – contou com o testemunho de quatro jovens sobreviventes de cancro e de dois cuidadores. Neste debate, foi promovida uma reflexão sobre os desafios e necessidades dos sobreviventes de cancro para uma vida saudável e integração na vida social e académica/laboral, análise suportada pelos testemunhos dos jovens que frisaram a importância de “ferramentas” como o desporto, a dança, música e introspecção pessoal, além do apoio de familiares e amigos, factor que se assume como suporte fundamental no processo de superação da doença. Manter as rotinas e “não ter medo de se ser egoísta pensando mais em si próprio” foram outros aspectos enaltecidos pelos intervenientes.
O evento encerrou com uma mesa-redonda dedicada à temática do exercício físico onde foi abordada a importância de uma actividade física regular na jornada do doente oncológico focando, assim, os seus benefícios.
Já nas considerações finais, Vítor Rodrigues, presidente da Direcção do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, enalteceu a importância de “deixar o doente oncológico fazer a sua vida normal”, dirigindo uma palavra de apoio às associações intervenientes nesta área. “É importante a sinergia entre elas porque ninguém faz nada sozinho. É gratificante lembrar-me dos tempos em que tentávamos que as pessoas morressem da maneira ‘o menos difícil possível’ e agora sabemos que há muito mais para além da Medicina no seu sentido mais restrito. Há, realmente, vida saudável depois do cancro, o que há 40 anos era muito difícil dizer às pessoas”, concluiu.
A enfermeira directora do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Áurea Andrade, sublinhou alguns números relevantes no contexto do cancro infantil. “Em 2020, mais de 15.500 crianças foram diagnosticadas com cancro na Europa e mais de 2000 jovens morreram desta doença. O cancro infantil continua a ser a primeira causa de morte por doença em crianças com mais de um ano e adolescentes. Um em cada 350 adultos até aos 25 anos é sobrevivente de cancro e é para esse que vale a pena estarmos aqui hoje até porque, felizmente, o número de sobreviventes de cancro continua a aumentar, daí a importância de uma equipa multidisciplinar e respostas adequadas a estes jovens”, enalteceu.
O debate “Dar voz aos sobreviventes e cuidadores” já está disponível na íntegra através do link , mesa-redonda que foi moderada pela jornalista Sara Tainha, do projecto editorial “Tenho Cancro. E depois”, da SIC Notícias, que fez, igualmente, a cobertura integral do evento. Os restantes debates, bem como o registo fotográfico das Jornadas “Vida saudável depois do cancro” serão disponibilizados, oportunamente, nas redes sociais do NRC.LPCC e do CHUC.
[Na foto: A mesa-redonda “Dar voz aos sobreviventes e cuidadores” (da esquerda para a direita): Ana Bizarro, Teresa Neves, Beatriz Campos e Bruno Duro (sobreviventes de cancro), João Ricardo (cuidador) e Ana Teixeira, médica pediatra no Serviço de Pediatria do IPO Lisboa e responsável pela ‘Consulta dos Duros’. À direita a jornalista/moderadora Sara Tainha, do “Tenho Cancro. E Depois?” (SIC Notícias).]
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