Três mil e 500 milhões de euros é um número tão estratosférico que a maioria de nós não consegue ter uma ideia da sua dimensão. Estamos a falar de cerca de 1,8% da riqueza que Portugal consegue criar num ano inteiro. Sei que até pode parecer demagógico, mas fazendo as contas do Medina (que até não são contas bem feitas porque os professores vão-se reformando e os mais novos não são abrangidos por essa medida) dará para pagar durante 10 anos, o valor do congelamento da carreira dos professores.
Este valor de 3,5 mil milhões de euros foi o que o Estado Português com beneplácito do Governo e dos seus parceiros comunistas e bloquistas, enterraram na TAP, a empresa de aviação nacional que era de um privado mas que “Eles”, por razões ideológicas, quiseram nacionalizar e ter a maioria do controlo de gestão.
Esta é a mesma gente que diabolizou IPSS e parcerias público-privadas na Saúde pela “voz” e “pensamento” da Dr.ª Temido, a ex-Ministra da Saúde que se irritava com os privados e, agora, porque deverá querer ser candidata à Câmara de Lisboa, já diz o contrário.
Esta gente faz e diz uma coisa e o seu contrário sem se rir, e nós pagamos. Pagamos e segundo as sondagens achamos que eles são maus ou muito maus, mas que devem continuar a governar por mais cerca de três anos, em nome da legislatura e da estabilidade.
Encolho os ombros. Qual estabilidade? A estabilidade de uma asneira atrás da outra, a estabilidade de um governo sem rumo ou, como diz o Presidente da República, a estabilidade de uma maioria “requentada”, seja lá o que isso for. Quando reflicto sobre este nosso Portugal, quem elegemos, como nos governam, como “se seguram” nos vários poderes, penso que o problema de base está nalguma falta de cultura política e social. Admito que isso não seja um problema exclusivo nacional porque não é por acaso que vários países europeus estão a eleger governos extremistas porque os seus cidadãos já não conseguem viver com o “status quo” do costume.
Em qualquer caso, há perguntas que devem ser feitas a todos os portugueses. Para que serve o Estado? Ou para o que não serve o Estado? Para mim, o Estado não serve para gerir empresas porque não é eficiente e o enquadramento legislativo não ajuda. A TAP, a CP, a CARRIS, a SCPT e mais não sei quantas empresas de transportes públicos deveriam ser geridas por privados. E se há serviços públicos que o Estado quer suportar, deveria haver protocolos de contratação para a prestação desses serviços especiais em que manifestamente se justificasse. Estas empresas não podem estar ao serviço da “pequena política” ou dos “interesses maiores” com todos os portugueses a pagar. E a RTP? Porque é que tem de ser pública? O que é que a televisão pública tem de diferente da SIC, da TVI ou da CNN em termos de serviço aos portugueses?
Isto tudo para responder o que é que o Estado ou as Câmaras Municipais não sabem fazer bem. E para que serve então? Serve ou deveria servir para termos uma educação de excelência, para termos um sistema nacional de saúde (com privados também) eficiente e que não fosse a “palhaçada” que todos vamos assistindo, serve para termos segurança e administração interna, serve para termos defesa nacional (mas, mesmo aí, a pirâmide está invertida , tal é o rácio de altas patentes em relação aos níveis de base), serve para termos diplomacia externa, serve para gerir com muito mais eficácia os fundos europeus, e serve para regular com músculo e independência, coisa que não acontece muitas vezes, em vários reguladores. Obviamente que também serve para ter um papel social de nivelamento para as pessoas mais desprotegidas. É isto que eu pergunto e afirmo, admitindo que há muitas pessoas que pensam que o Estado deve estar em tudo e pagar tudo, e até que os impostos não têm limite na aplicação, retirando capacidade de criação de riqueza e desenvolvimento.
Em Portugal, há quem tenha medo de discutir e de defender estas ideias porque pode ser “acusado” de liberal. Se isto é ser liberal, prefiro sê-lo a continuar a ver os portugueses cada vez mais pobres. Os resultados estão objectivamente aí para serem analisados. Fazendo tudo da mesma forma, teremos os mesmos resultados.
Há também aqui lugar a uma pergunta final. Quem é que, nesta altura, se sujeita a ir para a vida pública? A Dr.ª Leonor Beleza, há dias, na Universidade de Coimbra, disse que gostaria muito que os melhores regressassem ou assumissem cargos políticos. E que, sem querermos, estamos a afastar as pessoas de valor desses cargos. Essa é outra discussão quase impossível. E de impossibilidade em impossibilidade, manteremos a “nossa” estabilidade!…
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