No contexto do mês internacional da mulher, procurou-se analisar a caracterização da população feminina, no que concerne ao peso populacional das mulheres nos municípios constituintes das Terras de Sicó, em comparação com o panorama nacional.
No ano de 2021, a população residente em Portugal era de 10.362 milhões, sendo que cerca de 5.433 milhões eram mulheres (52,24%) e cerca de 4.929 milhões eram homens (47,60%). Apesar de nascerem mais rapazes do que raparigas, a população residente em Portugal é maioritariamente composta por mulheres. As mulheres portuguesas representam 52% da população, 82% das famílias monoparentais, 59% do total de doutoramentos e 49% da população empregada, mas também a percentagem de população em que o crescimento do risco de pobreza é mais elevado.
Este fenómeno, transversal à grande maioria das sociedades, pode ser explicado pelo facto de elas viverem mais do que os homens e, por outro lado, pela maior mortalidade masculina, em todos os grupos etários. No entanto salienta-se que apesar de viverem em média, mais anos do que os homens, elas vivem, em média, menos anos de vida saudável do que eles. Ao nível da educação, permanecem alguns gaps entre elas e eles, nomeadamente: ao nível da participação e permanência no sistema de ensino, com os rapazes a terem maiores probabilidades de abandonarem precocemente a educação; ao nível dos rendimentos escolares diferenciados entre raparigas e rapazes em diferentes disciplinas, “impulsionadas pelo facto das escolas e sociedades promoverem diferentes níveis de autoconfiança, motivação e interesses por diferentes áreas temáticas entre meninos e meninas“ (OCDE, 2015) e que influenciam a segregação das escolhas educacionais. Assim verifica-se que as raparigas estão mais representadas nas áreas da saúde e protecção social e ciências empresariais, administração e direito e os rapazes estão em maioria nas engenharias, indústrias transformadoras e construção e ainda nas tecnologias da informação e comunicação (TIC).
Verificou-se que, nos seis municípios das Terras de Sicó, e à semelhança do panorama nacional, o sexo feminino é o mais predominante. A população residente nas Terras de Sicó em 2021 era de 108.483 habitantes, sendo que 57.103 habitantes eram mulheres (52,64%) e 51.380 habitantes eram homens (47,36%), sendo a faixa etária compreendida entre os 15 e os 64 anos a que engloba um maior número de população feminina, seguindo-se uma maior proporção nas mulheres com mais de 65 anos. Destacam-se como territórios de Sicó com mais mulheres residentes, os concelhos de Soure e Pombal com 13.680 e 30.512 habitantes femininos, respectivamente.
No que diz respeito às qualificações académicas da população residente com mais de 15 anos e por nível de escolaridade completo mais elevado, é o sexo masculino quem assume predominância em todos os municípios. No entanto, destacam-se Pombal e Condeixa-a-Nova como sendo os concelhos com maior número de mulheres instruídas.
Assim, pode dizer-se que as mulheres estão duplamente representadas em maioria em dois grupos: no grupo que não apresenta nenhum nível de escolaridade completo, o que poderá traduzir a falta de escolarização da população feminina mais idosa e no grupo com ensino superior completo, que representará a camada mais jovem da população feminina.
De salientar que este predomínio das mulheres em graus académicos elevados não se traduziu ainda na sua participação ao nível do poder e tomada de decisão económica, política e académica, onde são ainda claramente minoritárias. No entanto, uma participação equilibrada de homens e mulheres na tomada de decisão poderia proporcionar decisões que reflectissem com mais precisão a composição da sociedade, fortalecendo a democracia e o seu bom funcionamento.
Nota: Este estudo foi realizado com base em dados recolhidos nas divulgações do INE e da base de dados PORDATA.
Liliana Marques Pimentel – Professora Universitária na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Residente em Anobra (Condeixa)
Maria Rita Ferragem Simões – Estudante da Licenciatura em Engenharia do Ambiente na Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra. Residente em Sobreiro (Condeixa).
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