O Projecto de Mentorias #EstouContigo desenvolvido no Agrupamento de Escolas Infante D. Pedro, de Penela, em colaboração com o Instituto de Apoio à Criança, foi distinguido com o 1.º prémio a nível nacional na categoria Cidadania & Inclusão, na 5.ª edição da Escola Amiga da Criança, destacando-se entre cerca de 6.000 projectos a concurso.
A iniciativa “visa estimular o relacionamento interpessoal e a cooperação entre alunos”, revela Fernanda Dias, directora da instituição, enquanto explica que este prémio é “um reconhecimento que valoriza os alunos enquanto membros principais da comunidade escolar”.
“Este programa identifica os alunos do 5.º ao 9.º ano que se disponibilizam para apoiar os seus pares acompanhando-os, designadamente, no desenvolvimento das aprendizagens, esclarecimento de dúvidas, na integração escolar, na preparação para os momentos de avaliação e em outras actividades conducentes à melhoria dos resultados escolares”, revela a responsável.
Já Mafalda Branco, técnica coordenadora do Projecto Mentorias no Agrupamento de Escolas Infante D. Pedro, em Penela, admite que “foi uma alegria muito grande para os alunos, pais e para o nosso corpo docente e não docente”. No entanto, e apesar “da sensação de dever cumprido”, a atribuição deste galardão “dá-nos a vontade de fazer mais e de fazer melhor, de ir modificando coisas e de implementar novas ideias”. Afinal, “não queremos estagnar, nem fazer sempre as mesmas coisas: queremos inovar, fazer mais coisas e ser melhores”, garante.
A técnica responsável adianta que “este ano, se tudo correr bem, vamos ter a oportunidade de levar 10 alunos, mentores, a Dublin, no âmbito de uma candidatura apresentada relativa ao voluntariado e à solidariedade”. Assim, “estes alunos vão ter a oportunidade de contactar com outros projectos e com outras iniciativas”, que podem “servir de exemplo para futuros projectos a implementar na nossa Escola”.
Em jeito de balanço, a mentora revela que os alunos ao participar no Projecto “sentem-se mais felizes, por perceber que fazem a diferença na escola, que são uteis e que desempenham um papel dentro da comunidade”. No fundo, “a participação e a voz dos alunos é fundamental”, uma vez que “são eles que vão orientando o projecto, contribuindo para o crescimento da iniciativa, até para alterar ou melhorar algum aspecto”.
No terceiro ano de implementação, o Projecto #EstouContigo conta actualmente com “cerca de 60 alunos/mentores”, um número que “tem aumentado substancialmente”, uma vez que “no ano lectivo 2020/21 a iniciativa arrancou com perto de 20 mentores e no ano seguinte tivemos a participação de cerca de 30 alunos”.
Mafalda Branco revela que “o primeiro ano foi particularmente difícil, em que tivemos muitos constrangimentos e restrições devido à Pandemia”, onde os alunos “não podiam ter grande contacto pessoal”. Os anos seguintes foram de melhoria, onde o número de participantes, e os resultados, falam por si.
E se no primeiro ano a iniciativa foi apresentada pela própria mentora, Mafalda Branco, com a divulgação do projecto “turma a turma”, nestes dois anos seguintes “já foram os próprios alunos a presentar o Mentorias aos restantes alunos, dando o testemunho deles, a explicar aos colegas em que consiste o projecto, quais as actividades que promovemos e a motiva-los a que se inscrevam”.
Por ali, em Penela, “a participação no projecto, ao contrário do que acontece noutras escolas, em que são os conselhos de turma que indicam os mentores, os mentores são voluntários”. Ou seja, “são os próprios alunos que têm esta motivação e esta vontade de ajudar os colegas e de fazer a diferença”. E mesmo que no início “ainda nem sabiam muito bem como, quando se inscrevem já tem esta motivação de ajudar e de fazer alguma coisa pelos colegas e pela Escola”, garante.
Depois da inscrição, “os alunos passam por um processo de entrevista individual, onde tento perceber as motivações e se já têm algum colega que costumam ajudar ou que gostariam de ajudar”, posteriormente “iniciam um processo de formação, onde contamos com a colaboração do Instituto de Apoio à Criança com a dinamização de duas formações sobre os temas ‘Estilos de Comportamento’ e ‘Respeitar a diferença’, e onde o objectivo passa pela sensibilização e transmissão de informação relativa às formas de lidar com os diferentes tipos de comportamentos ou como lidar com a diferença e a multiculturalidade”.
O processo formativo termina com uma “sessão mais prática, onde debatemos situações que podem acontecer na escola, numa espécie de simulação, onde os novos mentores, em grupo, procuram resolver problemas e sugerir soluções, ideias e estratégias que poderiam implementar”.
Ao longo do ano, os ‘pequenos’ Mentores, “identificam um colega que queiram ajudar, e esta ajuda pode ser em diversas áreas, como na gestão de conflitos, comportamento, isolamento social, integração na escola, ou em questões académias e relacionadas com dificuldades de aprendizagem, organização, ajuda nos trabalhos de casa”.
Para além deste apoio, “temos outros alunos que não tendo um colega identificado e atribuído, ao longo do ano vão estando a ajudar noutras situações, como por exemplo no recreio ou no refeitório”, que “sendo os nossos olhos, por estarem mais próximos dos colegas, nos vão reportando algumas situações de conflito”, muitas vezes “resolvidos sem a intervenção de um adulto, uma vez que já estão preparados e sensibilizados para intervir e mediar determinadas questões”.
Ainda no âmbito no projecto, “criámos o Dia dos Mentores, por acreditarmos que é muito importante reconhecer e valorizar o seu papel e o seu trabalho ao longo do ano”. Mafalda Branco explica que “é quase como um prémio: no primeiro ano do projecto entregamos certificados, e no ano passado preparámos um dia de contacto com a natureza, cheio de actividades que promoviam a cooperação, espírito de equipa, ajuda aos outros” Para este ano “ainda não podemos revelar as actividades: é surpresa”, brinca.
ANA LAURA DUARTE
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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