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PAULO JÚLIO

Os Professores merecem melhor (STOP)!

6 de Janeiro 2023

Não conheço André Pestana de lado nenhum. Para quem não souber, pelos vistos, é o coordenador de um dos Sindicatos de Professores que se designa de STOP. Tinha-o ouvido a propósito de uma manifestação de professores cujas causas são justas e que têm como cenário de fundo, a dignidade de uma das profissões mais importantes em qualquer País, e, por maioria de razão, num País como Portugal onde o nível educacional e cultural precisa (muito) de melhorar. Mais recentemente, tive oportunidade de ler um artigo do dito senhor no semanário Expresso onde basicamente confundiu tudo e onde perdeu uma oportunidade soberana de falar das reivindicações dos professores portugueses, de forma clara e objectiva, deixando de lado ideologias partidárias, desde logo, em respeito com a classe que representa.

Pensei, no final do primeiro parágrafo: “aqui está um que é muito pior do que o original”, sendo que o original é o “Professor” Mário Nogueira, distinto sindicalista de toda a vida. Sabemos que a linguagem da grande maioria dos sindicatos é proficiente em ideologias básicas e datadas, sem perceberem realmente que representam classes profissionais cujo pensamento político é transversal, se considerarmos o espectro esquerda-centro-direita. Escrevo maioria porque há excelentes excepções.

O que eu gostaria de ter lido naquele artigo, que mais parecia que tinha como destinatário o directório do partido comunista ou do bloco de esquerda, eram as causas dos professores portugueses – regras dos concursos, ajudas de custo para deslocados, actualizações de vencimentos, desde logo para os que apesar de terem vários anos ou dezenas de anos de tempo de serviço, continuam como contratados e com um salário similar ao de um recém diplomado, dignificação e respeito pela profissão de professor e o foco dos professores nos alunos, desburocratizando tarefas meramente administrativas e típicas de regimes altamente centralistas.

Ora, em vez disso, o Sr. Pestana, porventura professor, resolveu perorar sobre a sua “visão” para a sociedade portuguesa assente em pressupostos que são dele, mas não são os pressupostos de muitos professores. O problema destes “chefes de sindicato” é que em vez de defenderem as causas das classes profissionais preferem fazer o “papel” de agentes partidários, provocando obviamente danos públicos aos seus representados, neste caso, os professores.

Concordo inteiramente que os professores tenham as suas causas, assim como o facto de que alguns destes problemas têm décadas e atravessaram vários governos. Sabemos que existirão problemas orçamentais que não permitirão fazer tudo, mas o Estado não pode exigir, por exemplo, às empresas e outras entidades, o que não faz para si próprio. Por outro lado, como em tudo na vida, é essencial definir prioridades e executar políticas com coragem.

Também não acho que os Professores sejam quase todos “Excelentes” ou “Muito bons” sendo esta a base de promoção em conjugação com o tempo de serviço. Reconheço que tem de haver progressões nas carreiras profissionais, mas será necessário, a partir de um determinado escalão, ter um crivo inteligente de passagem que não sejam meramente uns “numerus clausus”.

Algumas destas questões são complexas e exigem boa vontade de todas as partes para negociar rapidamente o que é simplesmente justo, assim como definir métodos para se estudarem os pontos mais complexos e discutíveis. Exige-se a um Ministério de Educação de um governo que se afirma defensor dos pilares da Educação que assuma as suas responsabilidades. O Governo ou muda algumas condições ou acontecerá inevitavelmente a degradação da qualidade dos professores e da educação em Portugal.


  • Director: Lino Vinhal
  • Director-Adjunto: Luís Carlos Melo

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