Com perto de 400 anos de história, a Feira dos Pinhões regressa à vila de Ansião nos próximos dias 28 e 29. Este ano com uma grande novidade: na manhã de sábado (28), o evento “regressa às origens”, ou seja, “retoma simbolicamente à aldeia da Constantina”, revela o presidente da Câmara Municipal de Ansião, António José Domingues. Na tarde de sábado e no dia de domingo (29), a festa faz-se nas principais artérias da vila.
De acordo com o autarca, “temos a particularidade desta feira ter iniciado na Constantina, um território que tem um passado de grande dinâmica”, em que “as primeiras feiras francas atribuídas ao nosso território deram à Constantina uma notoriedade importante”. Só “mais tarde, também por uma questão de crescimento e de desenvolvimento, o evento foi deslocado para Ansião”.
Desta forma, “e como este ano a Confraria de Nossa Senhora da Paz celebra 400 anos de existência, quisemos fazer esta ligação dos primórdios da Feira dos Pinhões à sua origem: valorizando e participando na celebração desta efeméride, que irá ter outras iniciativas durante o ano, organizadas pela própria Confraria, com o apoio da autarquia”, assegura.
Antigamente, à feira “vinham pessoas próximas daqui, mas também de vários cantos do país, de Tomar, Coimbra, Soure ou Penela, por exemplo, que vinham vender os seus produtos”. Assim, esta “descentralização” foi a forma do Município “valorizar o trabalho da Confraria e de todo a história ligada em volta da Constantina, que é uma aldeia relevante para o concelho, e para a sua valorização arquitectónica, com a Capela de Nossa Senhora da Paz”. A iniciativa pretende celebrar “o marco histórico e cultural que a Feira dos Pinhões traz ao território”.
O evento, que “começou por ser uma feira franca onde as famílias se deslocavam para comprar tudo o que necessitavam, hoje é um certame muito mais concentrado naquilo que é a valorização do território e centrado nos produtos endógenos, onde o pinhão, não sendo propriamente um desses produtos, é o ‘rei da festa’”.
Não tendo uma referência concreta em relação ao custo do pinhão, o autarca adianta que “este tem um preço bastante elevado: na última feira o valor estava a rondar os 90 ou 100 euros o quilo”, e assim se deve manter. “Não sendo um fruto que as pessoas tenham muita facilidade em adquirir”, devido aos preços praticados, “não deixa de ser um produto atractivo, que pode ser utilizado, não só na pastelaria e na doçaria, mas também na confecção de outras iguarias gastronómicas, nomeadamente na alta cozinha”, valoriza António José Domingues, enquanto explica que “o pinhão vem de longe”, uma vez que “na zona ainda há pouca produção”, e não esquece que este “é um fruto que tem alguns custos na sua produção, o que encarece significativamente o preço final”.
20 hectares de pinheiro manso
Recordando que a autarquia celebrou com a Associação Florestal de Ansião um protocolo, em 2016, “no sentido de incentivar a plantação de pinheiro manso”, o edil revela que “nestes seis anos a plantação de pinheiro manso no concelho já ultrapassou os 20 hectares”. “Mesmo não tendo atingido os valores que aspirávamos, é um valor razoável”, salienta.
“Considerando que o pinheiro manso não é das árvores que tem maior rentabilidade económica, uma vez que o seu crescimento e início de produção demora muito tempo, notamos que há uma sensibilidade maior”, garante enquanto revela ter tido “uma reunião com o presidente da Associação Florestal, porque queremos fortalecer estes apoio que estabelecemos em 2016”. Ou seja, “queremos dinamizar mais e divulgar mais estas iniciativas, não só este protocolo, mas também um outro, que estamos a preparar, e que diz respeito ao apoio à plantação de Medronheiro”.
Desta forma, “estamos a preparar outras dinâmicas de forma a apresentar e a divulgar estes protocolos, até porque depois dos incêndios que assolaram o nosso território as pessoas estão a começar a pensar em reflorestar os seus terrenos, e precisamos da dar condições financeiras para que os munícipes possam optar por árvores autóctones mais resilientes”. Assim, “queremos apostar na robustez destes protocolos com a Associação Florestal, no sentido de promover a plantação de pinheiro manso e de medronheiro”. Estas medidas “serão apresentadas durante a Feira dos Pinhões”, garante António José Domingues.
No que diz respeito à Feira dos Pinhões, o evento “vai decorrer nos moldes habituais”, com as principais artérias da vila de Ansião a serem preenchidas por produtores e comerciantes da região de Sicó, que trazem produtos endógenos “que elevam os nossos territórios”.
E como nem só de pinhão se faz a festa, a organização preparou um leque de actividades que vão desde a apresentação de “dois ranchos folclóricos do concelho”, à animação de rua. E como estamos numa edição pautada pelo regresso às origens, o presidente da autarquia destaca a realização de um baile tradicional, “como à 50 ou 60 anos, em que as pessoas iam à Feira e acabavam por ficar mais um bocadinho para o bailarico”, a realizar na Praça do Município, a partir das 18h00 de sábado (28).
ANA LAURA DUARTE
[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]
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