A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Concelho de Soure (AHBVS) celebra o 132.º aniversário este domingo (20). Em dia de festa benzem-se duas novas viaturas, há estagiários a ingressar na corporação e a entrega de medalhas de reconhecimento aos elementos que se destacaram pelo serviço à comunidade. A efeméride fica ainda marcada pela passagem ao Quadro de Honra de três soldados da paz.

De acordo com o comandante da corporação, João Paulo Contente, “as comemorações retomam os moldes de antes da pandemia, em que convidamos toda a população do concelho a assinalar a data connosco”, e seria mesmo esse o melhor presente que poderia receber em dia de aniversário: “uma casa cheia, onde as pessoas nos visitam e visitam as nossas instalações”, mas acima de tudo “onde conhecem as nossas caras, a cara de quem dá o ‘corpo ao manifesto’ 365 dias por ano em prol do bem-estar da comunidade”.

João Paulo Contente adianta que a corporação passa a ter “ao serviço da população mais duas ambulâncias, uma de socorro e outra de transporte de doentes não urgentes, sendo que a primeira foi financiada a 95% pelo Município de Soure e a segunda foi adquirida integralmente pela associação humanitária”, num montante global que ascende os 74.000 euros. O comandante do Bombeiros Voluntários de Soure (BVS) admite “em 2023 deverá ser dada continuidade à renovação da frota automóvel da instituição”, principalmente no que diz respeito “a ambulâncias e ao transporte de doentes”, afinal “temos que dar condições aos utentes e a quem mais precisa”.

Necessidades mais prementes

Também Fátima Nunes, presidente da direcção da AHBVS revela ao TERRAS DE SICÓ que uma das principais necessidades da instituição “passa pela renovação da frota, que é bastante antiga e com poucas condições de circulação”, mas existem outras necessidades: “uma delas foca-se na aquisição de Equipamentos de Protecção Individual (EPIs) urbanos e outra das prioridades está na realização de obras no quartel de Soure”.

No que toca a obras, a responsável explica que “terão que ser realizadas em duas vertentes: uma delas com obras de remodelação da parte mais antiga do quartel e outra diz respeito a obras mais profundas, nomeadamente na zona de estacionamento, uma vez que parte das nossas viaturas não tem lugar em espaço coberto”. Para a realização destes investimentos Fátima Nunes espera aproveitar “algumas candidaturas e apoios provenientes de fundos comunitários para a sua realização”, que se prevê “de largos milhares de euros”. Já as obras de remodelação “mais pequenas, esperamos avançar dentro de pouco tempo, com o apoio da autarquia e com capitais próprios”.

Ainda sobre os EPI’s que a corporação espera adquirir no próximo ano, a responsável revela que “teremos que investir nessa aquisição, uma vez que os equipamentos disponibilizados à corporação têm mais de 25 anos e se encontram obsoletos”, Fátima Nunes explica que recentemente já “adquirimos cerca de uma dezena, no entanto, o número é francamente inferior às necessidades da equipa”. A questão está nos “números, que são bastante altos” e revela que cada equipamento de protecção individual completo ronda os mil euros”. Valores elevados mas “imprescindíveis”, uma vez que “não podemos dizer que não às pessoas, mas também temos que dar boas condições aos nossos bombeiros”.

Facturas de combustível dispararam

Em dia de aniversário, os BVS dão as boas-vindas a 11 novos bombeiros voluntários que concluíram o seu estágio, integrando agora as fileiras da corporação com a categoria de 3ª classe. Os novos elementos juntam-se a uma equipa de cerca de 100 elementos, “um número que não sendo o ideal, satisfaz as necessidades do território”, assegura João Paulo Contente, lamentando “a dificuldade que existe na recruta de novos elementos”. Para isso, o comandante sublinha a necessidade de “continuar a apoiar estas mulheres e homens com benefícios ficais e sociais, tal como tem feito o Município de Soure, que é atento, preocupado e próximo dos nossos bombeiros”.

Outra das novidades passa pela criação de uma terceira Equipa de Intervenção Permanente (EIP) BVS, que “entrará em funcionamento no início do mês de Dezembro”, revela o comandante.

“A nova EIP é composta por cinco elementos que têm como missão o cumprimento das diferentes funções no âmbito da protecção e socorro à população, como o combate a incêndios urbanos e rurais, emergência pré-hospitalar ou o salvamento e desencarceramento”. Estes elementos “são profissionais, com horário de trabalho regulamentado e o seu financiamento é suportado a 50% pelo Município de Soure e os outros 50% pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil”, explica Fátima Nunes.

A presidir à instituição há cerca de ano e meio, Fátima Nunes não é uma ‘cara nova’ nos quadros da AHBVS, uma vez que assumia o cargo de presidente do conselho fiscal desde 2012. A responsável adianta que apesar de uma “gestão muito apertada, a saúde financeira da instituição é equilibrada”, com a premissa de que “não podemos dar um passo maior de que a perna, nem avançar com grandes investimentos sem ter a certeza de que os vencimentos dos nossos colaboradores estão assegurados”, sendo essa a “prioridade das prioridades”.

“Com o aumento do preço dos combustíveis, aumento da inflação e do preço dos bens, temos que fazer uma gestão ainda mais rigorosa, porque o dinheiro que vem do Estado, apesar de não falhar, costuma tardar”, lamenta. A responsável adianta que “as nossas facturas mensais com combustíveis rondavam os oito ou nove mil euros e aumentou abruptamente para mais do dobro, com valores a rondar os 20.000”. Apesar da disparidade, Fátima Nunes assegura que “o socorro às populações não está comprometido”.

No programa comemorativo previsto para o próximo domingo, pelas 15h15, realiza-se a bênção de viaturas, seguida da entrega de condecorações, sessão solene e desfile apeado e motorizado.

ANA LAURA DUARTE

[NOTÍCIA DA EDIÇÃO IMPRESSA]