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Agro-alimentar: Uma realidade dura, um sector resiliente!

24 de Outubro 2022

O sector agro-alimentar português registou na última década extraordinários indicadores que validam a importância que tem na economia nacional. Aumento significativo das exportações, forte investimento em investigação e desenvolvimento, inovação e capacitação tecnológica.

As nossas indústrias respondem aos mais elevados padrões de exigência sanitária e segurança alimentar dos produtos, que coloca diariamente na mesa dos portugueses e faz chegar aos quatro cantos do mundo, como verdadeiros embaixadores da nossa história e forma de estar das nossas gentes, diferenciando-se pela qualidade, sabores, diversidade e tradição.

Um sector verdadeiramente resiliente, confrontado com desafios e ameaças suficientemente sérios que colocam à prova a capacidade para superar as contingências com que se tem confrontado neste passado recente.

A pandemia Covid-19 parou o nosso país, e quando todos nos confrontávamos com o desconhecido e nos confinávamos, as nossas pessoas mantiveram as suas rotinas e continuaram, dia e noite, a garantir que nada faltasse aos portugueses, assegurando o normal abastecimento dos alimentos, com o suporte de todas as indústrias conexas, de embalagem, transportes e logística.

Com o encerramento do canal HORECA ( hotelaria, restauração e catering ), dos mercados locais e feiras e eventos, muitas foram as empresas que viram os seus negócios impactados, nomeadamente as pequenas industrias, mais tradicionais.

Com as cadeias de abastecimento muito perturbadas com disfunções do mercado global, dificuldades no acesso a matérias-primas, e outros materiais e serviços, anormalidade na gestão das pessoas e das operações, sofremos uma verdadeira revolução, sabendo o sector adaptar-se a uma realidade que não havia vivenciado antes.

O teletrabalho nas funções de suporte, o crescimento do digital e a dinâmica do online, no contacto com o mercado, como nos modelos de comercialização através do e-commerce, marcam definitivamente a consciência do sector para a importância da transformação digital em curso.

O sector agro-alimentar nacional assumiu, em tempos tão perturbados e disruptivos, que verdadeiramente vivemos num ciclo de absoluta incerteza.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, exponenciou as dificuldades, os desafios e as ameaças, reforçando um clima económico já exigente, que tem sido regra nas duas últimas décadas, debatendo-nos com crises sucessivas, 2008, 2012, a pandemia e agora guerra.

Energia (gás e electricidade) com aumentos percentuais de três dígitos, ou nalguns casos de quatro;

Combustíveis como nunca vimos, qual carrocel;

Matérias-primas e commodities ( trigo, milho, soja,…) continuadamente em espiral crescente de preços e tensão na cadeia logística e de abastecimento;

De elevada importância está a gestão das pessoas, seja quadros qualificados, ou menos qualificados, um retrato transversal na economia portuguesa, caracterizado pela escassez de trabalhadores, da agricultura aos serviços, e na indústria, com enorme impacto nas funções de chão de fábrica. Portugal tem um inequívoco problema de natalidade, sendo decisivo assumir que as dificuldades neste âmbito tendem a agravar-se nos próximos anos, sendo fundamental desenvolver uma política de acolhimento de imigrantes e de habitação adequadas a esta realidade, que não pode ser maquilhada.

A indústria agro-alimentar assumiu como central a modernização tecnológica, fundamental para manter a sua competitividade global e como resposta às exigências dos mercados mais desenvolvidos, na Ásia, América-do-Norte, Médio Oriente, e os tradicionais mercados europeus, bem como mercados de elevado potencial de desenvolvimento como do Norte e Escandinávia. Também África e os países da CPLP são fundamentais no radar de negócios do sector, verdadeiramente global.

A inflação na indústria é bem superior a 9,3%, em Setembro. A indústria está em sacrifício de margens, acomodando grande parte do aumento dos custos de todas os factores de produção, sem excepção, penalizando a sua rentabilidade e capacidade futura de investimento e continuada aposta em IDI (investigação, desenvolvimento e inovação).

Vivemos uma década de juros zero.

Estamos feitos num 8 (oito) e confrontados com uma tempestade perfeita, com uma recessão global às nossas portas.

Mas como sempre, saberemos reagir, reinventar os nossos modelos de negócio e continuar a descobrir novos mercados e oportunidades.

Somos um sector resiliente!

 

Amândio Santos

Presidente Conselho de Administração Portugalfoods

  • Director: Lino Vinhal
  • Director-Adjunto: Luís Carlos Melo

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