Darão voltas nas campas os republicanos de 1910 que derrubaram a monarquia em Portugal, e todos os outros que, depois deles, comungaram das mesmas ideias.
Dará voltas na campa Alfredo Keil que, num assomo de dignidade, escreveu “A Portuguesa”. Poema que foi escrito aquando do ultimato inglês em 1890 e que os republicanos, após o derrube da monarquia, adoptaram como hino nacional.
Nada me move contra a monarquia britânica e muito menos contra a falecida rainha. Merece a primeira o meu respeito enquanto instituição (concorde ou não com ela), merece a segunda o meu respeito enquanto ser humano. Esclareça-se não são estes o objecto deste texto! O que lamento é que o governo português (parece que não foi o único), republicano, herdeiro daqueles que derrubaram um regime monárquico, decrete três dias de luto por um chefe de estado estrangeiro, como se de um estadista português se tratasse. Demonstração de subserviência perante uma potência estrangeira, que sempre que isso servisse os seus interesses não se importava de nos prejudicar. E não me falem da intervenção inglesa nas Guerras peninsulares, pois isso daria pano para mangas. Infelizmente este tipo de atitude dos nossos governantes tem sido repetido ao longo da nossa História. Quantas vezes a Inglaterra fez o mesmo por quem não fosse inglês?
Fernando Pessoa dizia: “Minha pátria é a língua portuguesa”. Peguei nesta frase para, mais uma vez, mostrar o desrespeito que alguns dos nossos governantes demonstram para com o seu país e a sua cultura, quando em discursos que proferem perante entidades estrangeiras preferem lê-los em inglês e não na sua língua. Sinto-me envergonhado quando escritores como Camões, António Vieira, Herculano, Garrett, Aquilino, Lobo Antunes, Saramago não têm a língua que tão bem trataram ouvida por esse mundo fora. Os espanhóis falam sempre a sua língua. Os franceses falam sempre a sua língua. E os brasileiros – justiça lhes seja feita – falam sempre português.
Valente povo que tão tristes governantes tem tido. Valente povo que soube sempre lutar, mesmo quando os seus governantes foram, apressadamente, de abalada para paragens mais seguras.
Não, não se vai escrever mais nenhuma “A Portuguesa”. Não é caso para tanto. Trata-se somente de um pouco de auto-estima. Algo que devia vir de cima. Bastam estas palavras pessoais de indignação por ver a nossa república prestar vassalagem a um sistema político que derrubou em Portugal.
NÃO. NÃO É SENTIDO DE ESTADO; É SUBSERVIÊNCIA!
Condeixa, 18 de Setembro de 2022
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